História da Pastoral do Empreendedor

Por Pe. Judinei Vanzeto, SAC – jornalista responsável pela Revista Rainha dos Apóstolos

Frei Rogério Soares, religioso da Ordem de Nossa Senhora das Mercês, afirma com todas as letras que a Pastoral do Empreendedor surgiu por obra do Espírito Santo, no final de 2010, quando assumiu a Paróquia Nossa Senhora da Luz, em Salvador (BA), a sua primeira experiência como pároco.


Em maio de 2011, a CNBB lançou o documento 94: “Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2011-2015”. Como todo pastor, conta ele, “li o documento com toda atenção, saboreando cada parte e pensando como aplicar as propostas na comunidade. No final do documento algo me tocou profundamente, tanto que coloquei ao lado do texto três sinais de exclamação”.

“Tarefa de grande importância é a formação de pensadores e pessoas que estejam em níveis de decisão, evangelizando, com especial atenção e empenho, “os novos areópagos”. O terceiro areópago liga-se à presença pastoral junto aos empresários, aos políticos, aos formadores de opinião no mundo do trabalho, dirigentes sindicais e comunitários, disponibilizando e formando pessoas que se dediquem a ser presença significativa nestes meios” (Doc. 94, n. 117). 

Segundo frei Rogério, o que chamou atenção foi a expressão ‘presença pastoral’, ou seja, o que a Igreja pedia era um pastoreio dessa parcela do povo de Deus. Cuidar dos empreendedores. Apesar da Igreja citar outros segmentos, concentrou mais nos empresários, pois a paróquia era formada por muitos empreendedores de vários segmentos e de estados do Brasil. A Igreja precisava olhar para eles e que estavam como ovelhas sem pastor.


TURBILHÃO DE IDEAIS


Daí em diante um turbilhão de ideias vinha à sua cabeça. Seria possível iniciar um trabalho pastoral com os empreendedores? Como seria? Por onde começar? É vontade de Deus? Com esses questionamentos, conta que convidou três empreendedores da sua paróquia para partilhar a inspiração. “Eles apoiaram e alegraram-se imediatamente. Pois diziam que por muitas vezes não se sentiam acolhidos na Igreja, ora por falta de uma palavra ora por serem empreendedores, como se fossem exploradores, com objetivo de alcançar suas metas. Enfim, senti que era necessário um espaço para os empreendedores serem cuidados pastoralmente e pudessem olhar para seus negócios à luz da Palavra de Deus”.

Chegaram à conclusão que o empreendedor é aquele que cuida de muita gente, cuida da família, dos funcionários, dos fornecedores, dos clientes, do recolhimento dos impostos. Mas, quem cuida dele? Mais que urgente uma Pastoral do Empreendedor. Espaço de evangelização, de partilha de experiências, oração, estudo da Bíblia e das riquezas da Igreja, como a Doutrina Social da Igreja. 


Nesse mesmo ano de 2011, frei Rogério, convidou o Pe. Joãozinho scj, para um show na sua paróquia. “Ficamos mantendo contato e compartilhei a inspiração com ele. Para minha surpresa, era a pessoa certa que Deus colocava no caminho da pastoral. Ele estava iniciando um ciclo de palestras para empreendedores e lançou o livro “As sete virtudes do líder amoroso”. Ficou entusiasmado e deu-nos incentivos, colocando-se à inteira disposição. Foi quando nasceu a ideia de fazermos um evento”.


ENCONTRO DE CATÓLICOS EMPREENDEDORES


O marco de criação da Pastoral, segundo o frei, é atribuído ao 1º Encontro de Católicos Empreendedores de Salvador, que aconteceu em novembro de 2011, no Hotel Fiesta, com cerca de 350 empreendedores, com a presença do palestrante principal Pe. Joãozinho scj. “Nesse encontro tivemos a certeza que o Senhor pedia uma ação pastoral efetiva junto aos empreendedores”, frisou. 



A partir desse evento, passaram a acontecer reuniões quinzenais, retiros, missas para empreendedores, visitas às empresas, bênçãos aos estabelecimentos, criação de círculos bíblicos, grupos de oração nas empresas, celebrações nos lugares de trabalho, estudo da Doutrina Social da Igreja etc. Os empreendedores eram motivados a trazer outros para partilharem a mesma experiência. 

Em maio de 2013 houve audiência com o Arcebispo de São Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, com doze representantes dos empreendedores católicos de Salvador. Dom Murilo os recebeu com satisfação. “Contamos nossa experiência e como estávamos motivados com o trabalho pastoral junto aos empreendedores. Depois de ouvir tudo, proferiu palavras de ânimo e agradecimento e duas orientações. A primeira, continuem a missão, sem muita burocracia, sem formalização, sem institucionalização, deixando a leveza do Espírito Santo conduzir; a segunda, façam tudo com dedicação e perseverança, se for da vontade de Deus, frutos serão colhidos, e estamos de braços abertos para acolher oficialmente a Pastoral”, lembrou frei Rogério.

Assim, surgiu a Pastoral do Empreendedor que foi implantada em paróquias das regiões nordeste, sudeste e sul do país.

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