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O centenário da chegada dos Mercedários ao Brasil
Como pode uma história durar tanto tempo? Imagine 100 anos na vida de uma pessoa!? Ou ainda mais, um centenário de uma Ordem religiosa! Quantas histórias elas guardam! É exatamente de tempo e história que vamos conversar: conheça o centenário da chegada dos mercedários ao Brasil.
“Em 1922 o Papa Bento XV encomenda à Ordem a Prelazia de Bom Jesus do Gurgueia”, no Piauí. Em uma época difícil de evangelização, em terras distantes e desafiadoras, chegam os religiosos de São Pedro Nolasco.
Mas quem é São Pedro Nolasco? E de que Ordem estamos tratando? Nolasco é o fundador da Ordem dos Mercedários, que em 2018 comemorou 800 anos de existência no mundo, e em 2022 celebra 100 anos de sua chegada ao Brasil.
Sendo assim, há muita história, dor, entrega, obras e vocações ao longo de um século. Portanto, para celebrarmos essa data, preparamos este post especial.
Motivo da chegada do mercedários ao Brasil
Em 1922, os Mercedários celebravam o capítulo geral em Roma. Então, o recém-eleito Mestre Geral, padre Inocêncio López Santamaría, em uma conversa com o Papa Bento XV, expôs seu desejo de enviar missionários mercedários para a China.
No entanto, o santo Padre tinha outras urgências que a Providência Divina já preparava para a Ordem Mercedária: a evangelização em uma nova Prelazia ao Sul do Piauí, nas terras brasileiras.
Assim, após consulta aos capitulares em Roma, foi então aceito o pedido do Papa e nomeado como Administrador Apostólico o padre Pedro Pascual Miguel Martinez, da Província de Castela, no México.
Com certeza, há muita história, dor, entrega, obras e vocações ao longo de um século. Mas como tudo começou aqui no Brasil? Quem são os protagonistas desta jornada que deixou tantos frutos para as vidas e para a Igreja?
Em vista do centenário da chegada dos Mercedários ao Brasil, celebrando essa data, preparamos este post especial. Confira até o fim.
Piauí: terra do centenário da chegada dos mercedários ao Brasil
À época de 1922, o Brasil sofria os efeitos da gripe espanhola, uma pandemia que causou cerca de 35 mil mortes, entre 1918 e 1919; Também acontecia a semana de arte moderna em São Paulo, na tentativa de tirar a literatura das influências europeias.
Mas também, deram-se início às revoluções (Coluna Prestes, a criação do Partido Comunista) até o início da Era Vargas em 1930; sem falar na desigualdade, preconceitos e racismo que persistem até hoje. Tudo isso era o cenário do Brasil na década de vinte.
Ora, se nas grandes cidades se encontravam disputas políticas, dificuldade econômica e desigualdade social, imaginemos a situação das cidades e povoados mais distantes, de modo que era essa a realidade do Piauí e de muitas cidades do nordeste: carentes de tudo.
Assim, os primeiros Mercedários encontraram aquela província: um sertão esquecido, sem energia elétrica, indústrias, escolas, centros de saúde; muito menos estradas de rodagem para uma viagem menos perigosa.
Porém, não foi à toa que D. Fr. Pedro Pascual Miguel Martínez e o Pe. Francisco Freiria Mallo tiveram de viajar quatro meses em uma difícil caminhada, ficando em São Raimundo, a 517 km de Teresina, onde tomaram posse da prelazia, uma vez que era difícil o acesso a Bom Jesus do Gurguéia.
Um chão regado de suor e santidade
Com a chegada de outros missionários, formou-se a comunidade. Logo, deram início então a evangelização com muita dedicação, apesar de toda dificuldade de locomoção e as distâncias percorridas para visitar as famílias da região.
Sendo assim, passaram muitos missionários por esta vasta terra de missão e construíram a história do centenário dos Mercedários no Brasil. Um deles, padre Pedro Nolasco Rebiere, permaneceu apenas três meses, vindo a falecer vítima da febre que assolava o país.
Contudo, outro notável frei mercedário foi Dom Inocêncio López Santamaria. Sua dedicação e obras em favor do povo de sua diocese foi intensa. Ele era conhecido como Santo Inocêncio, porque sua atividade apostólica não se resumia na evangelização, mas se estendeu em favor das necessidades básicas da população.
Dessa forma, Dom Inocêncio foi um protagonista importante na escrita da história do centenário da chegada dos mercedários ao Brasil. São atribuídas a ele a construção de mais de 28 escolas, somente na zona rural de São Raimundo; 700 km de estradas, poços, açudes e capelas.
Por isso, hoje, encontra-se, na Cúria Romana, o processo de canonização de Dom Inocêncio como fruto maduro da entrega total dos freis naquela região. Mas cada religioso mercedário que passou pelas terras piauienses deixou um legado de suor e santidade.
Celebração do centenário
Uma grande comemoração pede uma celebração à altura. Com muitos motivos para agradecer a Deus, dia 06 de dezembro de 2021, houve a Missa de abertura das festividades do centenário da chegada dos mercedários ao Brasil.
Porém, as comemorações se estendem até o dia 14 de novembro, com a Missa de encerramento do ano jubilar. Há ainda, todo mês, lives que apresentam a vida de cada uma das nove comunidades existentes no Brasil.
Segundo o provincial dos Padres Mercedários no Brasil, padre frei John Londerry, em entrevista concedida à Rádio Vaticano, existem desafios a serem enfrentados no mundo moderno, mas há esperança e gratidão suficientes para seguirem adiante.
Também, como o Papa Francisco citou, em um encontro com os mercedários reunidos em Capítulo Geral, em maio deste ano, há muitas formas de escravidão na modernidade, bastante sutis, que necessitam do carisma mercedário como meio de libertação.
Portanto, essa fala do Santo Padre atualiza o carisma inspirado por São Pedro Nolasco e coloca cada religioso de prontidão para corresponder a sua vocação com vigor e atenção às realidades atuais.
“Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5)
A Bem-Aventurada Virgem Maria, a Senhora das Mercês, esteve sempre presente no caminho dos religiosos mercedários. Com certeza, Ela tem grande influência no centenário da chegada dos mercedários no Brasil.
Desde o início da Ordem, muitas doações eram feitas “em honra de Nosso Senhor Jesus Cristo e da Bem-Aventurada Virgem Maria, sua mãe”. Hoje as ofertas das vidas continuam pelos mesmos nomes e pela causa da redenção dos(as) filhos(as) de Deus.
De modo que, são muitas paróquias, escolas, creches, obras sociais e atividades pastorais desenvolvidas pela Ordem no Brasil. O que começou em 1922, estende-se até hoje e deseja ser e fazer o que Ele disser.
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