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Encerrada a fase diocesana da Causa de Beatificação e Canonização do Servo de Deus, Dom Inocêncio López Santamaria

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Encerrada a fase diocesana da Causa de Beatificação e Canonização do Servo de Deus, Dom Inocêncio López Santamaria

Com grande júbilo, religiosos da Ordem de Nossa Senhora das Mercês, religiosas da Congregação Mercedária Missionária do Brasil e de outros institutos, junto à Diocese de São Raimundo Nonato, celebraram a conclusão da fase diocesana da Causa de Beatificação e Canonização do Servo de Deus Dom Inocêncio López Santamaria. A celebração aconteceu na noite desta terça-feira (19 de dezembro), na catedral de São Raimundo Nonato e foi presidida pelo bispo diocesano, Dom Ronilton Souza de Araújo SCJ.

Antes da celebração eucarística, aconteceu a solenidade jurídico-canônica que marca a finalização da etapa diocesana. Participaram o provincial da Província Mercedária do Brasil, frei John Londerry O.deM.; o provincial da Ordem Mercedária do Chile, frei Mario Salas O.deM.; o juiz delegado episcopal, padre Alaércio Carvalho de Sousa; o promotor de justiça no inquérito diocesano, padre Edilson dos Santos Lopes; o postulador-geral da Ordem Mercedária, frei Reginaldo Roberto Luís e o notário, Ronaldo Frigini.

Estiveram presentes o bispo de Bom Jesus do Gurgueia, dom Marcos Tavoni e o bispo eleito de Parnaíba, dom Edivalter Andrade. Também marcaram presença padres diocesanos, religiosos e religiosas, seminaristas e todo o povo de Deus da Diocese de São Raimundo Nonato. Com a conclusão dos trabalhos na diocese, o processo é enviado ao Dicastério para as Causas dos Santos, na Cúria Romana, onde terá continuidade.

Dom Ronilton destacou as inúmeras virtudes de Dom Inocêncio, dentre elas o seu empenho em garantir a dignidade e a sobrevivência de homens e mulheres numa época marcada por forte desigualdade social e miséria. “Dom Inocêncio combateu a fome, enfrentou a seca e o analfabetismo e o seu ministério foi marcado por um profundo serviço social, cultural e humano. Deus o enviou ao Piauí para que sua vida, doada e partilhada, fosse como alimento para nutrir corações sedentos de esperança”, disse.

Para o padre Alaércio, que também desempenhou a função de juiz delegado no processo durante a sua fase diocesana, a conclusão desta etapa enche o coração de todos os são-raimundenses de alegria e de esperança. “Somos convidados a intensificar as nossas orações para que ele chegue à glória dos altares. Dom Inocêncio já é considerado santo por muitos, mas precisamos seguir esses protocolos e obter o reconhecimento oficial da Igreja”, completou.

Para o frei Reginaldo, Dom Inocêncio deixou um legado não somente de evangelização, mas de obras concretas, que ajudaram a amenizar o descaso e a falta de perspectiva presentes na vida de milhares de sertanejos: “Em meio a matas e caatingas, exposto ao cansaço e ao calor impiedoso do sertão do Piauí, com muita humildade e gentileza, buscou desenvolver um grande trabalho humanitário e social na região. A sua fama de santidade permanece mesmo passados 65 anos de sua morte”, falou.

A abertura do inquérito diocesano para a Causa de Beatificação e Canonização de Dom Inocêncio Lopez Santamaria aconteceu no dia 20 de dezembro de 2016. Já no dia 07 de fevereiro de 2017, ainda no governo de Dom Eduardo Zielski, aconteceu o reconhecimento canônico dos restos mortais do Servo de Deus, que foram retirados do sepulcro e colocados numa urna, depositada no sarcófago próximo ao presbitério.

Dom Inocêncio López Santamaria

Filho de família pobre, Inocêncio López Santamaria nasceu no dia 28 de dezembro de 1874, na aldeia de Sotovellanos, na província de Burgos, na Espanha. Aos 15 anos foi para o seminário da Ordem de Nossa Senhora das Mercês no convento de Poyo, na Galícia.

Foi ordenado padre aos 22 anos. Sua vocação e dedicação se destacaram na igreja que foi designado vigário provincial e superior do convento de Madri. Dom Inocêncio chegou ao alto escalão e foi nomeado mestre geral da Ordem de Nossa Senhora das Mercês. Por 11 anos, ele morou em Roma.

Com a dificuldade de encontrar sacerdote para ocupar o cargo criado em Bom Jesus do Gurgueia, no extremo Sul do Piauí, Inocêncio deixa Madri e com autorização do Papa Pio XI fez uma longa viagem até chegar a região considerada o polígono da seca. No País, ele foi o co-fundador da Congregação das Irmãs Mercedárias Missionárias do Brasil.

Uma característica marcante de Dom Inocêncio foi acreditar na superação da pobreza através da educação. Acometido com câncer no fígado, morreu em 9 de março de 1958, no Hospital Espanhol de Salvador, na Bahia. Era um bispo tão adorado que seu velório durou cinco dias passando por cidades da Bahia, Pernambuco até chegar em São Raimundo Nonato. Seu corpo foi sepultado no altar mor da catedral da cidade no dia 14 de março de 1958.

Dom Inocêncio construiu mais de 28 escolas somente na zona rural de São Raimundo. O bispo tinha uma preocupação muito grande com a educação. Ele trazia professores para dar aula de latim, francês, música para a população pobre e acreditava que a cultura era também uma forma de desenvolvimento. Entre os documentos descobertos pelo Tribunal Eclesiástico estão cartas do bispo encaminhadas às autoridades pedindo ajuda para alimentação das famílias, estradas e água.

Um dos testemunhos conta que Dom Inocêncio chegava a colocar dinheiro em um envelope e pedia alguém para pôr debaixo da porta da família que passava fome. Com sua persistência e ajuda financeira de campanhas, foram construídas mais de 700 km de estradas, escolas em áreas rurais, poços, açudes e capelas entre 1931 a 1958.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/encerrada-fase-diocesana-causa-beatificacao-servo-de-deus-dom-inocencio-lopez-santamaria/