Local e data de nascimento
A primeira referência escrita do local de nascimento de São Pedro Nolasco é encontrada no códex, Speculum fratrum (1445), do Mestre Geral da Ordem, Nadal Gaver, um homem de cultura humana e eclesial excepcional. Está na tradução espanhola, fidedignamente, uma frase copiada da leitura do códex: “Certamente como um homem muito santo, São Pedro Nolasco de ‘Mas de Santas Puellas’, Diocese de São Paulo, perto de Barcelona, onde ele estabeleceu sua morada.” Nesta frase, do Speculum fratrum, a tradição mercedária compreendeu que Nadal Gaver se referia a Mas de Saintes Puelles (Diocese de São Papoul), um vilarejo localizado no condado Toulouse, no sudoeste da França, entre as cidades de Carcassonie e Toulouse, Languedoc.
Em 1446, o padre Pedro Cijar, disse a mesma coisa em seu Opsculum tantum quinque. Padre Francisco Zumel, um professor da Universidade de Salamanca, confirma essa data no seu De vitis Patrum. Desde então, todos os escritores Mercedários como outros pesquisadores, que lidam com tal fato, têm se mantido unânimes de que de fato São Pedro Nolasco nasceu nessa cidade. Entretanto, mais recentemente, e baseado mais em outras interpretações de textos do que em fontes confiáveis, uma tese surgiu acerca de São Pedro Nolasco ter nascido em maísia (fazenda) localizada nas proximidades de Barcelona.
Assim como o nascimento de São Pedro, não se tem ainda uma data precisa. Entretanto, acessando um outro códex do qual Francisco Zumel ilustra dados esclarecedores, de acordo com a sentença do cônego Pedro Oller por arbitragem, se entende que Pedro Nolasco já redimia cativos no ano de 1203. A partir disso é deduzido que, a fim de se envolver em tal empreendimento, o Fundador da Ordem dos Mercedários tinha que ter alcançado a maior idade e que tinha um espírito empreendedor nascido de sua juventude. Por isto é que se pode afirmar com segurança, por fonte de vários historiadores confiáveis, que São Pedro Nolasco nasceu entre 1180 e 1182. Como Zumel escreveu, Pedro viveu em Barcelona desde de a menor idade.
PERFIL DE PEDRO E OBRAS, ANTES DA FUNDAÇÃO DA ORDEM
Apresentar a carismática figura de São Pedro Nolasco no século XXI aos leitores do terceiro milênio é definitivamente uma tarefa emocionante, pois Pedro Nolasco surge em meio a dois séculos bem definitivos: um século em que se termina de fechar as portas das experiências do passado e um século que vem abrir as portas do futuro as novas e estimulantes realidades.
Para o jovem Pedro, o século XII estava morrendo com suas guerras, suas instituições, suas organizações civis e religiosas, suas formas de cativeiro, suas angústias e seus problemas. O século XIII nasceu com uma aura de renovação, com uma aura de esperanças rejuvenescedoras e certos presságios revolucionários com inovações religiosas, políticas, sociais e nas esferas culturais. Já nos primeiros vinte anos de sua vida, no fundamental e distintivo aspecto de sua personalidade —transmitido por documentação confiável— há um jovem determinado, começando a sua jornada, através do século XIII, em um curso direto em direção à libertação dos Cristãos cativos por conta da fé.
Depois de a família de Nolasco se estabelecer em Barcelona, desde muito cedo, Pedro aprende a arte do comércio de seu pai, Bernardo. Padre Cijar chama Pedro de Mercator optimus, e Gaver confirma que Pedro Nolasco era um mercador antes de fundar a Ordem. De fato, no momento em que atingira a idade adulta, sua futura missão carismática na Igreja e na sociedade já era manifestada nele. Ele continuaria sendo um mercador, mas, ao invés de comprar especiarias, dedicaria sua vida comprando os cristãos cativos. Assim, Pedro associou-se a outros irmãos que compartilhavam da mesma preocupação com os cativos e assim como afirma Zumel: “Depois de preservar primeiro em oração a Deus, eles se dedicaram diariamente a pedir esmolas aos fiéis piedosos da província da Catalunha e do Reino de Aragão, com o objetivo de realizar o sagrado ofício da redenção. Isso foi feito para que esse santo Homem e seus companheiros realizassem inúmeras ações de libertação e redenção… Todas essas coisas tomam forma em 1203.”
A profissão de mercante que Pedro Nolasco exercia foi muito útil para o primeiro grupo de redentores que ele liderou, pois estes tiveram um acesso privilegiado a países muçulmanos. Eles ficaram conhecidos e por séculos, eles foram praticamente os únicos intermediários no assentamento de Cristãos cativos na terra dos mouros e dos mouros nas terras cristãs. Esse grupo de companheiros de São Pedro Nolasco era unicamente formado por leigos que, como o Rei Jaime II disse a Bonifácio VII em 1301, “tenha uma grande devoção a Jesus Cristo, que nos redimiu pelo seu preciosíssimo sangue.” Essa frase se enquadra perfeitamente na característica de espiritualidade do grupo: sua devoção seguindo O Cristo Redentor. Com uma admirável generosidade juvenil, eles desistiram de todos os seus bens para se doar às redenções.
TRÂNSITO DE SÃO PEDRO NOLASCO
Graças a descoberta da escritura da doação de Arguines no arquivo geral do reino de Valência, foi possível determinar a data exata da morte do fundador da Ordem. Pela importância e pelo significado das obrigações que a Ordem teria ao aceitá-la, a escritura foi levada de Valência a Barcelona para ser aprovada pelo Capítulo Geral, que era celebrado todos os anos na festa da Exaltação da Santa Cruz em maio. O Capítulo aceitou a doação e, para mostrar que todos realmente estavam de acordo, todos os capitulares presentes assinaram a escritura original na frente do notório Pedro de Cardona. O documento endossado pelos capitulares, foi devolvido para ser devidamente selado pelo notório valenciano, Bernardo Locadie, que o fez com estas palavras: “E este foi selado sem a assinatura do mencionado Irmão Pedro Nolasco, pois durante o tempo em que o presente documento foi enviado a Barcelona para ser assinado por este e pelos demais irmãos e que o referido Mestre, Irmão Guilhermo de Bas, e os outros frades assinaram, o próprio Irmão Pedro Nolasco havia deixado este mundo.”
Devido a isso se acrescenta o entendimento mais preciso do preceito das Constituições de 1272 onde ordena que: “O aniversário do primeiro Mestre de nossa Ordem seja celebrado no dia seguinte à Ascensão.” Desde de a Catalunha medieval e outros países Europeus– Itália por exemplo — a Ascensão do Senhor é celebrada em uma data fixa, 5 de maio, é lógico inferir que o Patriarca Fundador da Ordem das Mercês, morreu no dia 6 de maio de 1245, em Barcelona, na Casa-Mãe da Ordem, construída a beira mar por Raimundo de Plegamans.
O venerável corpo de São Pedro Nolasco, foi enterrado no convento de Arguines. Compareceram às exéquias e ao enterro do primeiro Mestre da Ordem, todos os frades que vinham de Barcelona para o Capítulo Geral, que começaria como de costume no dia 3 de maio. Mas, naquele ano, não poderia ocorrer naquele dia por causa da doença e da morte de Pedro Nolasco. Os nomes dos frades capitulares que presenciaram a morte do primeiro Mestre e Fundador da Ordem foram: Guillermo de Bas, Guillermo de San Julián, Juan de Laers, Bernardo Caselles, Bernardo de Corbaria, Berengário de Cassá, Pedro de Caldes, Poncio de Solans, Arnaldo de Prades, Berenguer de Tona, Ferrer de Gerona, Raimundo de Montoliú, Pedro de Huesca, Domingo de Ossó e Raimundo de Ullastret.
O humilde Irmão leigo Pedro Nolasco sempre foi considerado um fiel imitador de Cristo Redentor e considerado um santo. Sua veneração rapidamente se espalhou por todos os países onde seus filhos espirituais estavam presentes. Para ratificar esta convicção universal, a Igreja o canonizou anos depois.