Recursos para viabilizar o projeto foram obtidos com uma campanha de arrecadação junto à comunidade paroquial e outros benfeitores
A Paróquia Nossa Senhora das Mercês, na Região Episcopal Ipiranga, iniciou, ainda em 2019, um processo para gerar energia de forma mais sustentável e econômica.
Localizada na Vila das Mercês, zona Sul da capital paulista, a Paróquia foi criada em 1953 por Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota, arcebispo à época.
Em entrevista ao O SÃO PAULO, o Pároco, Frei José Maria Mohamed Júnior, da Ordem Mercedária do Brasil, explicou que com a instalação do sistema de captação de energia solar, a projeção é de economizar, em um ano, cerca de R$ 30,8 mil, uma vez que com a mudança o valor das contas pagas à concessionária de energia elétrica sofrerá uma redução de aproximadamente 80%.
A decisão de investir em energia solar foi uma resposta aos apelos da Igreja por uma vida mais sustentável, sobretudo a partir da publicação da encíclica Laudato si’, do Papa Francisco, sobre o cuidado da casa comum.
Energia fotovoltaica
“Começamos pesquisando sobre energia fotovoltaica e fazendo orçamentos, para, junto com as empresas que vinham orçar os serviços, entendermos qual seria a nossa real necessidade”, disse.
O próximo passo foi a realização de uma grande campanha de arrecadação com a distribuição de 500 carnês no valor de R$ 300 cada, que podiam ser pagos em até seis parcelas.
Para que a campanha tivesse adesão, foi colocado um balcão de informações com pessoas que ficavam à disposição após a realização das missas e demais atividades paroquiais, tirando todas as dúvidas para quem quisesse doar por meio dos carnês.
“Nossa jornada começou em outubro de 2019, quando colocamos o balcão na porta da igreja e começamos a divulgar um sonho que até então parecia distante; mas, à medida que as pessoas iam aderindo, esse sonho começava a dar lugar à realidade”, explicou o Frade.
Quando a campanha havia chegado a 50% da meta de arrecadação, começou a quarentena em virtude da pandemia de COVID-19. A divulgação, porém, continuou pelas redes sociais e durante os eventos realizados de forma on-line. Um número de telefone foi disponibilizado para que as pessoas pudessem se informar e enviar os comprovantes de pagamento.
Além da estrutura em si, a Paróquia precisou fazer adaptações no telhado da quadra e adequação de tubulações para passagem de cabos.
“Por fim, no mês de julho de 2020, realizamos a instalação de todos os equipamentos imprescindíveis. Foram necessárias vistorias e adequações por parte da concessionária Enel, até que no dia 19 de outubro deste ano tivemos a liberação para uso, e podemos afirmar que temos a nossa tão sonhada energia solar”, afirmou Frei José Maria.
Funcionamento
A energia solar funciona a partir de placas que captam luz, empregando o calor dos raios solares para geração de eletricidade ou aquecimento de líquidos. Existem três tipos de energia solar: a energia fotovoltaica, a energia térmica e a energia heliotérmica.
O sistema de energia solar fotovoltaica utiliza painéis que captam a luz e geram, pelo efeito fotovoltaico, correntes elétricas contínuas, que são convertidas para correntes alternadas pelo inversor solar. Dessa forma, a eletricidade está pronta para ser distribuída no local, gerar créditos de energia ou ser armazenada.
Sobre a Paróquia
A primeira missa celebrada na Vila das Mercês foi presidida por Dom Paulo Rolim Loureiro no dia 27 de setembro de 1953, num galpão cedido por César Impiglia, onde hoje é um condomínio residencial. A pedra fundamental, por sua vez, foi colocada no dia 7 de novembro do mesmo ano.
Os padres mercedários chegaram em agosto de 1954 e, desde então, assumiram a Paróquia, cuja instalação canônica foi realizada em 14 de novembro de 1954. O atual templo, porém, só foi inaugurado em setembro de 1959, construído por meio de doações e trabalho da comunidade.
Os religiosos da Ordem da Virgem Maria das Mercês da Redenção dos Cativos ou Ordem dos Mercedários, como são conhecidos, estão presentes em diferentes lugares do Brasil e realizam trabalhos pastorais em escolas, comunidades e paróquias, além de manterem um centro social para crianças. Em 2018, a Ordem celebrou 800 anos de fundação, tendo chegado ao Brasil por volta de 1639, em Belém (PA), e na Arquidiocese de São Paulo no ano de 1954.