Humildade: como e por que cultivar essa virtude

“Sem humildade, não encontramos o Senhor” Nos diz o Papa Francisco! E segundo Santo Agostinho:

“Para chegar ao conhecimento da verdade, há muitos caminhos: o primeiro é a humildade, o segundo é a humildade, e o terceiro é a humildade”.

Ou seja, conhecimento de Deus e de si mesmo são sinais de humildade. Mas por que e como cultivar essa graça? Vamos encontrar estas respostas agora!

O que não é humildade?

É difícil conceituarmos uma virtude tão nobre, mas é fácil dizer o que ela não é! Por isso, selecionamos alguns tópicos sobre esse “não”:

  1. Humildade não é sinônimo de submissão, passividade, resignação. A pessoa humilde não é aquela que aceita tudo sem dizer uma só palavra! Principalmente quando fere a dignidade da pessoa, algo que Deus resgatou para nós com sua Paixão.
  2. Humildade não é negar seus próprios talentos, colocar-se como frágil, vítima das situações. Quem vive a humildade reconhece os dons que tem, coloca-os a serviço e sabe agradecer a Deus e ao outro por ser útil.
  3. A humildade não é mentirosa, nem orgulhosa, ao contrário, o humilde reconhece sua limitação, é capaz de dizer “não” diante de uma prova e não se faz de super-herói diante dos desafios da vida e as armadilhas do pecado.

Portanto, essa virtude, é um dom divino que cresce de dentro para fora na medida em que conhecemos o Senhor em profundidade; ela não é superficial, logo não pode ser encenada, porque é exigente demais para se fingir! E só a entende quem compreende sua fonte! 

O grande modelo de humildade

Para entendermos essa virtude, precisamos olhar a vida de Cristo. Desde o seu nascimento, em condições desumanas, sua juventude no escondimento, a vida adulta como artesão, sua vida pública em missão até sua morte de cruz.

Diz-nos São Paulo:

“Embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas, esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens.” (Fl 2,6-7). 

Assim, com sua vida, Jesus nos fala sobre a humildade. Contudo, Ele não negou sua divindade, nem se vangloriou dela, mas colocou sua autoridade de Filho de Deus a serviço de todos, até as últimas consequências. Logo, humildade é sinônimo de verdade e serviço ao próximo.

Porém, só viveremos assim se nos relacionarmos sempre e mais intimamente com Jesus. Mesmo porque Ele deseja nos ensinar quando nos diz:

“Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”.

Então, a fonte dessa virtude é a convivência com o Mestre.

Como está a minha humildade?

Em uma de suas catequeses, o Papa Francisco nos fez esta pergunta:

“Como está minha humildade?”

Com base em quê? Através da reflexão que o pontífice fez, entenderemos por que precisamos cultivar essa virtude.

Então, o Papa recordou o encontro dos Reis Magos com o Menino Jesus e destacou o gesto que eles tiveram de se prostarem. Eles viajaram tanto para encontrar uma criança como Rei dos Judeus, mas não reclamaram, nem se revoltaram.

No entanto, adoraram a criança. Esse é um gesto humilde; eles acolheram o Senhor como Ele é – pobre e pequeno – e não como eles imaginavam. Logo, a prostração é sinal de humildade, é próprio de quem coloca ao lado suas ideias e dá espaço para Deus.

continua o santo Padre: 

“A adoração passa pela humildade do coração: aqueles que têm a vontade de superar os outros, não percebem a presença do Senhor”. 

Portanto, precisamos da humildade para nos parecermos com Deus, nosso Pai e Senhor.

Por fim, a pergunta encontra com outras: “Olhando para os Magos, nos perguntamos: como está minha humildade? Estou convencido de meu orgulho? Sou capaz de abraçar o ponto de vista de Deus e do outro? E o remédio para a falta de humildade é a adoração.

Os santos nos mostram o caminho desta virtude

Todos os santos fizeram o caminho da humildade. Há exemplos grandiosos que nos inspiram a buscar esta virtude para crescermos no amor a Deus e ao próximo. Mas falemos de alguém que é brasileiro como a gente: Santa Dulce dos Pobres.

Dois exemplos seus nos ajudam a entender a força da humildade: quando pediu esmola para os pobres e recebeu saliva em sua mão, então respondeu que a saliva era para ela e estendendo a outra mão, pediu a doação para os pobres! Quanta humildade!

Sabemos que ela foi exclaustrada, ou seja, tirada da clausura pela Congregação por causa da missão. Mas se manteve religiosa, sozinha até que a vontade de Deus se tornou clara para seus superiores e eles a apoiaram! Parece injusto, mas é real!

O caminho da humildade não é fácil, mas gera frutos de verdadeira conversão. Assim foi com Santa Dulce e não é diferente para aquele que ama a Deus. Do mais, não nos esqueçamos da Santíssima Virgem de quem bem falou Santo Afonso: 

“Humildíssima Senhora e Mãe de Deus, Maria, vós que em tudo, mas particularmente no sofrer, fostes a mais semelhante a vosso Filho, alcançai-me a graça de suportar em paz os ultrajes que de hoje em diante me forem feitos”.

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São José: 5 maneiras de fortalecer a sua devoção Josefina em março

São José é um santo admirável, e não é à toa que o mês de março é dedicado a ele. Logo, seu mês antecede justamente o mês de maio, que é dedicado em honra a Nossa Senhora e ambos cuidaram de Jesus com total dedicação, segundo o coração do Pai do Céu. 

Sobre ele, o Papa Francisco escreveu:

“Os dois evangelistas que puseram em relevo a sua figura, Mateus e Lucas, narram pouco, mas o suficiente para fazer compreender o gênero de pai que era e a missão que a Providência lhe confiou.”

Assim, o Santo Padre utiliza duas palavras que definem bem o caráter e a missão de São José: pai e homem escolhido pela Providência de Deus. Isso sem dúvida é suficiente para darmos graças e louvores ao pai adotivo de Jesus.

São José, um homem segundo o coração do Pai!

São José esperava a salvação do seu povo, prometida aos seus pais da fé; era descendente de Davi, porque Jesus vinha dessa descendência para que sua missão tivesse validade. Logo, era um homem de fé, de esperança e caridade. 

Era um homem do Espírito Santo, sensível à voz de Deus, que se apresentou a ele por meio de quatro sonhos; e o homem de Deus entendeu, acolheu Maria e a missão que o próprio Deus lhe confiou. Sua abertura ao Espírito era abertura à Trindade Santa.

Homem corajoso, experiente! Não poderia ser diferente para enfrentar as inseguranças do caminho até que Jesus estivesse pronto para cuidar das obras de seu Pai. Sua coragem não foi provada, mas comprovada diante das fugas para proteger o Menino e sua Mãe.

Representa o modelo de fidelidade, castidade, obediência e disposição em fazer a vontade de Deus. Além de ser um trabalhador – ele sustentou sua família com o suor de seu trabalho. E não há privilégios para José, mas testemunho de responsabilidade com a obra divina.

Há muitos motivos para ser devoto de São José

São Tomás de Aquino diz com propriedade:

“Alguns santos têm o privilégio de estender-nos seu patrocínio com eficácia específica em determinadas necessidades, mas não em outras; mas nosso santo padroeiro São José tem o poder de nos ajudar em todos os casos, em todas as necessidades, em todos os empreendimentos. ”

Se São Tomás de Aquino, juntamente com os Papas da Igreja e demais santos, nos recomenda a devoção a São José, o que estamos esperando então? Por isso, separamos 5 maneiras de fortalecermos nossa fé e nos tornamos amigos de São José! Confira:  

Tenha uma imagem de São José

A imagem de São José acompanha todo devoto e é uma bênção para a família inteira. Existem diversas formas de representar o santo Patriarca: trabalhando, com Jesus nos braços; com Maria e o Menino; dormindo; e sozinho. Então escolha a que mais lhe afeiçoar e faça as orações próprias a ele! São inúmeras, inclusive ofício, terço, novenas e ladainhas. As orações são por diversas necessidades, mas escolha uma em particular para esse mês de março e experimente o prestígio que São José tem diante de Deus.

Ajude uma família necessitada

Se há algo que agrada a qualquer pessoa é a caridade! E São José sabe quantos trabalhadores, pais e mães de famílias estão necessitados de ajuda. Assim como ele se empenha em interceder por nós, também espera nossa gratidão através da ajuda ao outro.

Faça um altar com flores e velas

Especialmente no mês de março, podemos ornar o altar de São José com flores, mesmo no Tempo da Quaresma! Deus o escolheu e se alegra conosco quando reconhecemos isso. 

Portanto, escolha um lugar, prepare o altar, coloque velas, flores e faça suas orações, principalmente às quartas-feiras, dia dedicado na liturgia a São José.

Adoração ao Santíssimo sacramento

O centro de nossa fé é Cristo Ressuscitado. E isso não foi diferente para José! Logo, ele esteve com o Menino durante pelo menos 12 anos, quando a criança foi apresentada ao templo, e o Evangelho não fala sobre sua morte, mas a presença de Jesus foi motivo de adoração!

Portanto, adorar Jesus é uma atitude de todo devoto de São José. Se honramos o pai adotivo, muito mais amamos o Filho. E quem assim o faz, recebe os benefícios das duas partes, porque, dizem as Escrituras, que Jesus era submisso a José, Ele o honrava. 

Conclua suas orações sempre honrando o Pai de Céu e a Virgem Maria

As nossas orações no mês de março estão voltadas para São José, mas o santo se volta para o Filho de Deus e sua Mãe, a esposa de José. Assim, é importante entrarmos em comunhão com todos eles. Por isso, após suas devoções, termine com o Pai-Nosso e a Ave-Maria em honra aos dois corações a quem São José amou e foi amado sempre.

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Quaresma, instrumento de conversão e vida nova

A Quaresma é um tempo de muita graça porque nos prepara para a celebração do centro de nossa fé, o Tríduo Pascal, ou seja, a memória da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo.

Apesar de todo domingo vivenciarmos a ressurreição do Senhor, inclusive nos disse São João Paulo II que o domingo é o senhor de todos os dias por esse motivo, é importante valorizar a vida de Cristo a partir do ponto alto de sua missão que aconteceu na semana santa.

Logo, a Quaresma é uma proposta, um caminho, uma oportunidade de novamente abraçar a salvação de Cristo em nossa vida. E para trilhar bem essa estrada, preparamos este post!

A Quaresma nos traz a proposta para um novo coração

É normal que alguém se pergunte por que viver a Quaresma todo ano se Cristo já morreu e ressuscitou? De fato, Ele está vivo, mas e quanto a nós? Será que vivemos a vida nova que o Senhor nos deu de graça através de sua morte e ressurreição?

Com certeza, ainda há muito para melhorarmos. No entanto, a Igreja, como mãe e educadora, nos relembra, através da Quaresma, que estamos a caminho da vida nova cada ano que passa. E onde vamos experimentar o amor de Deus? No coração.

De forma que o coração é o lugar onde acontece a verdadeira experiência de Deus. O Evangelho nos diz que “do coração que provêm os maus pensamentos, os homicídios, os adulté­rios, as impurezas, os furtos, os falsos testemunhos, as calúnias.” (cf. Mt 15,19)

Então são nossas intenções – o que está dentro de nós – que precisam mudar a fim de que o mundo veja que Cristo vive de verdade. Para isso, a Quaresma existe, ano após ano, para que abracemos o Evangelho, como uma decisão do coração, por amor a Deus e aos irmãos.

Práticas indispensáveis da Quaresma

Então, a Quaresma é um meio para alcançar um coração semelhante ao Coração de Deus. Porém, não é fácil alcançar a transformação do coração, ninguém consegue por suas próprias forças, porque logo cansa. Mas o Evangelho nos dá as ferramentas certas:

  1. A oração: a prática da oração na Quaresma é sincera. O Evangelho da quarta-feira de cinzas diz: “…quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e reza ao teu Pai…” (Mt.6,1ss). O quarto é o lugar da intimidade, onde ninguém se esconde. Logo, é diante de Deus, na oração, que reconhecemos nossa pequenez, nossa grandeza e em que precisamos melhorar. Faça essa experiência com a verdade do seu coração!
  2. O jejum e a penitência: o jejum e a penitência são práticas sadias. Através deles oferecemos a Deus a carne – nos dias prescritos – e algo que nos impeça de viver as bem-aventuranças do Evangelho. Portanto, não é nada fácil, nem simples, mas que nos recorda em que aspecto da vida precisamos de conversão. Observe o jejum e a penitência como um caminho de libertação. Liberte seu coração!
  3. A caridade: O evangelho fala sobre a esmola na Quaresma. Quando jejuamos, a intenção é dar de comer a alguém. Isso pode acontecer através da doação de alimentos ou dinheiro aos pobres. Não há conversão sem caridade, assim como não se ama a Deus sem amar o outro. Logo, pratique a doação e desapegue o coração!

A Campanha da Fraternidade é o ato de caridade

Na Quaresma, a Igreja nos propõe um caminho de caridade através da Campanha da Fraternidade. A iniciativa nasceu em 1964, de uma inspiração de Dom Eugênio Sales, no Rio Grande do Norte, como uma expressão de amor e solidariedade a toda pessoa.

Campanha da Fraternidade tem hoje os seguintes objetivos permanentes:

  • Despertar o espírito comunitário e cristão no povo de Deus, comprometendo, em particular, os cristãos na busca do bem comum;
  • Educar para a vida em fraternidade, a partir da justiça e do amor, exigência central do Evangelho;
  • Renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja na evangelização, na promoção humana, em vista de uma sociedade justa e solidária.

Este ano tem como tema “Fraternidade e fome” e o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16). A escolha não é aleatória, mas se une à difícil realidade da fome vivida por muitas famílias no Brasil. 

E a Igreja dá sua contribuição através de campanhas solidárias, que acontecem no Brasil inteiro, e da coleta realizada no Domingo de Ramos como um dos gestos concretos de conversão Quaresmal para com os pobres.

Cheguemos às festas Pascais!

Após o itinerário quaresmal, cheguemos à meta: a Páscoa do Senhor. Mas qual será a diferença deste ano para nossas vidas? Serão muitas, se levarmos a sério o trabalho no coração, através das ferramentas que o tempo nos oferece.

Nenhuma quaresma é igual, mas cada uma é única! E em cada esforço nosso, vem em nosso auxílio o Espírito Santo de Deus. Logo, nunca estamos sozinhos.

Dia Nacional de Combate às Drogas e Alcoolismo

O Dia Nacional de Combate às Drogas e Alcoolismo é recordado todo dia 20 de fevereiro. Esse é um tema muito discutido e delicado. Por isso, o dia tem por objetivo alertar e despertar a população sobre os impactos que o uso de substâncias ilícitas e o álcool geram.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a dependência de drogas lícitas ou ilícitas é uma doença e um problema de saúde pública que exige atenção de todos os países, devido às graves consequências que causa à sociedade.

Este post explica mais sobre esse tema e deseja contribuir com informações e formações sobre o assunto. Veja o que preparamos!

Por que o Combate às Drogas e Alcoolismo?

Parece uma pergunta sem lógica, mas é necessária. Sabe-se que o consumo de drogas ilícitas e de álcool não é novidade e só crescem as estatísticas de pessoas que se tornam consumidores ativos desses produtos.

Por isso, essa data é fundamental para estimular a reflexão sobre diversos assuntos, sejam os efeitos, as prevenções e as políticas públicas de Combate às Drogas e ao Alcoolismo. Faltam ainda muitos estudos e esclarecimentos educativos para promoção da saúde.

Segundo a OMS, a dependência química de drogas lícitas ou ilícitas é uma doença. O uso descontrolado de álcool, cigarro, crack, maconha, cocaína, entre outros, afeta o mundo inteiro porque prejudica valores culturais, sociais, econômicos e políticos.

O alcoolismo, por exemplo, é uma doença crônica que influencia aspectos comportamentais e socioeconômicos. Da mesma forma, o uso de drogas causa graves problemas físicos e emocionais nos dependentes, sem falar no sofrimento da família. 

No Combate às Drogas e Alcoolismos quem são os inimigos?

Atualmente, divide-se os tipos de drogas da seguinte maneira: 

  • Naturais: como maconha e ópio, derivadas de plantas; 
  • Semissintéticas: que são a heroína, cocaína e crack, feitas de componentes naturais, mas processadas; 
  • Sintéticas: fabricadas completamente em laboratórios, tais quais ecstasy e LSD. 

Há ainda outras que existem no anonimato e são produzidas de todo jeito para facilitar o acesso principalmente de quem não tem dinheiro para comprar as drogas mais caras. Por isso o Combate às Drogas e Alcoolismo se torna tão complexo, porque é um inimigo invisível.

Porém, as sensações são comuns, entre elas: euforia, excitação, relaxamento e alteração da percepção da realidade. Tudo isso faz com que um indivíduo recorra a elas com mais urgência, a cada novo uso, e a qualquer custo.

Mas os efeitos são perigosos! As drogas têm potencial para causar problemas no coração, pulmões, fígado e cérebro, impactando diretamente o sistema nervoso e gerando crises de abstinência após períodos maiores em que não são utilizadas.

Com o álcool é diferente? Apesar de ser uma droga lícita, altamente vendida e aceita socialmente, o consumo excessivo e recorrente dessa substância traz sérios riscos à saúde, inclusive dependência alcoólica, que leva a tratamentos com profissionais especializados.

Quem mais se prejudica

Os levantamentos sobre os consumidores de drogas e álcool são alarmantes, principalmente entre os jovens. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2016), a saúde escolar está prejudicada.

Uma vez que a porcentagem entre consumo frequente de álcool e até embriaguez é bem estreita, como também, o uso do cigarro. É importante destacar que o cérebro do jovem é um órgão em maturação e o consumo dessas substâncias é prejudicial para um desenvolvimento saudável.

Mas os jovens não estão sozinhos nesta escala de consumo, os idosos também são uma faixa etária crescente de consumo principalmente de álcool. O envelhecimento muitas vezes gera diversas situações, como: baixa estima, saudade da família, isolamento social.

De forma que esses fatores afetam o psicológico e, não raramente, levam as pessoas idosas a fugirem da realidade em substâncias químicas, normalmente começando com uma dose e progredindo no consumo até que ele ocorra de maneira descontrolada.

Mas onde está a verdadeira liberdade?

Falamos sobre as substâncias ilícitas e o álcool, suas consequências e os prejuízos na vida e na sociedade. Porém, por que as pessoas se envolvem com as drogas a ponto de se tornarem dependentes? Não existe uma única resposta, mas há muitos fatores.

E principalmente, em uma sociedade extremamente materialista, as pessoas buscam o verdadeiro sentido da vida, mas infelizmente optam por caminhos difíceis. Há uma crise existencial em cada pessoa humana que apenas tem alívio no Criador.

E é em Deus que a pessoa humana encontra a resposta para a sua sede de felicidade. Deus nos ama e nos fez livres, logo a liberdade é o caminho e a proposta contra qualquer tipo de dependência que causa a escravidão e rouba a dignidade humana.

Portanto a liberdade é a qualidade divina que motivou São Pedro Nolasco, fundador da Ordem Mercedária, a lutar pela recuperação dos cativos, há mais de 800 anos, através de ações concretas, como a doação da própria vida e o anúncio do Reino de Deus. 

Podemos aliviar essa dor!

A dor é sinal de que algo não vai bem. Sabemos que se não houver o combate às drogas e ao alcoolismo, os problemas só pioram e se enraízam mais. No entanto, toda ajuda à pessoa dependente e às famílias é um sinal de paz sobre um grande conflito.

Mas Deus tem uma resposta para tudo! Por isso nos presenteou com o Recanto Mercê, um lugar de misericórdia, onde jovens são resgatados das drogas através espiritualidade e ajuda especializada, além de aprenderem um ofício para reconstruir a vida após as drogas.

O Recanto Mercê fica em Alexânia-GO e é administrado pela Ordem Mercedária, que tem a missão de levar a pessoa humana a uma profunda experiência de libertação, combatendo todos os instrumentos de escravidão dos tempos modernos.

Atualmente, a casa tem capacidade para 20 jovens e há muitos na fila. Então, que tal se tornar um benfeitor desta obra e investir na recuperação de uma pessoa, da família e da sociedade, porque todos são beneficiados quando um dependente químico se recupera.

Conheça mais sobre o Recanto Mercê aqui

Bakhita, a escrava que se tornou santa

O nome Bakhita significa “afortunada”. Mas não sabia a menina, raptada aos 9 anos, que a fortuna que a esperava iria libertá-la da escravidão para sempre e torná-la a padroeira dos escravos e intercessora pelos sequestrados.

São suas as seguintes palavras:

“Vendo o sol, a lua e as estrelas, dizia comigo mesma: Quem é o Patrão dessas coisas tão bonitas? E sentia uma vontade imensa de vê-Lo, conhecê-Lo e prestar-Lhe homenagem”.

Mas como uma menina que experimentou a dor da escravidão no corpo e na alma pôde oferecer tudo a Deus e perdoar seus torturadores? Essa é mais uma história incrível do amor de Deus, que não conhece fronteiras para salvar aqueles que ama! Confira!

A história de Bakhita começa no Sudão

Bakhita nasceu no Sudão, África, em 1869. Com apenas  9 anos a sequestraram da família. O trauma foi tão grande que ela esqueceu o próprio nome. Os raptores a venderam várias vezes nos mercados de El Obeid e de Cartum, e como escrava conheceu a dor, a humilhação e a violência.

Então, após quase 10 anos, na capital do Sudão, Bakhita foi comprada por um Cônsul italiano chamado Calixto Legnani. Depois de tanto tempo, ela que acostumou-se com o chicote e a repressão, recebeu afeto e atenção em sua nova casa.

Mas as situações políticas obrigaram o Cônsul a partir para a Itália. Bakhita pediu para ir junto, e assim atenderam a seu desejo.  Mas, na Itália, uma nova família a esperava; ela foi morar em Veneza e tornou-se babá de “Mimina”, filha do novo casal que a acolheu.

No entanto, os ventos sopraram novamente a favor de Bakhita: a esposa do casal precisou viajar para ajudar o marido nos negócios da família. Foi, então, que Bakhita e a menina foram confiadas às Irmãs Canossianas do Instituto dos Catecúmenos de Veneza. 

Bakhita encontra-se com a liberdade!

Durante nove meses, Bakhita e Mimina estiveram com as Irmãs Canossianas. Dessa forma viveu como que um tempo de gestação, tonando-se conhecida como a irmã “Chocolate” até o dia em que ela recebe o batismo com o nome de Giuseppina Margherita Fortunata. Logo depois, recebe também o crisma e faz a primeira comunhão.

Durante o tempo em que esteve com as Irmãs, ela encontrou-se com a fonte da liberdade e pediu aos patrões para seguir o caminho da vida religiosa como prova de seu amor a Deus, a quem passou a chamar com carinho de “o meu Patrão”.  

Assim, com 24 anos, em 1893, entra no noviciado das Canossianas. Três anos depois, Josefina Bakhita se consagrou para sempre a Deus como filha da caridade e, por mais de cinquenta anos, dedicou-se às diversas atividades da Congregação com humildade.

Era chamada de “Irmã Morena”, conhecida e estimada pelas Irmãs pela generosidade e pelo seu profundo desejo de tornar Jesus conhecido. Bakhita transformou toda a dor da escravidão em oferta a Deus, perdoou todos que a fizeram sofrer por causa de Cristo.

Testemunha do Amor

“Sede bons, amai a Deus, rezai por aqueles que não O conhecem. Se soubéssemos que grande graça é conhecer a Deus!”.

Bakhita falava o que sentia, transbordava gratidão por onde passava, porque dizia que tudo concorreu para que ela conhecesse a Deus.

Dessa forma, mesmo com a doença longa e dolorosa da velhice, Irmã Bakhita testemunhava fé, bondade e esperança cristã. A todos que a visitavam e lhe perguntavam como se sentia, ela respondia sorridente: “Como o Patrão quer”. 

Irmã Bakhita faleceu no dia 8 de fevereiro de 1947, na Casa de Schio, rodeada pela comunidade em pranto e em oração. Uma multidão acorreu logo à casa do Instituto para ver pela última vez a sua “Santa Irmã Morena”, e pedir-lhe a sua proteção lá do céu

Muitos foram os milagres alcançados por sua intercessão. Em 1992, foi beatificada pelo Papa João Paulo II e elevada à honra dos altares em 2000, pelo mesmo Sumo Pontífice. O dia para o culto de “Santa Irmã Morena” foi determinado o mesmo de sua morte.

Oração a Santa Bakhita

Ó Santa Josefina Bakhita, que, desde menina, foste enriquecida por Deus com tantos dons e a Ele correspondeste com todo o amor, olha por nós. Intercede junto ao Senhor para que cresçamos no Seu amor e no amor a todas as criaturas humanas, sem distinção de idade, de raça, de cor ou de situação social. Que pratiquemos sempre, como tu, as virtudes da fé, da esperança, da caridade, da humildade, da castidade e da obediência. Pede, agora, ao Pai do Céu, oh Bakhita, as graças que mais preciso, especialmente (pedido). Amém.

Os veneráveis da Ordem Mercedária: quem são eles?

No dicionário, veneráveis são aqueles que tornam-se dignos de veneração; aqueles que merecem respeito. Logo, são pessoas que podemos imitar, porque deixaram exemplos louváveis que beneficiam a vida de muitos e contribui com a melhora da sociedade.

E vida de Cristo é inspiração de virtudes para todos os batizados, e alguns, de forma especial, conseguiram imitá-lo tão de perto que deixaram testemunhos e obras que permanecem em pé até hoje.

Mas quem são essas pessoas veneráveis? Vamos responder neste post e contar a história de duas pessoas virtuosas da Ordem Mercedária. 

Veneráveis são imitadores de Cristo

A história da Igreja está repleta de pessoas que amaram a Deus e entregaram suas vidas pela causa do Reino. Alguns desses cristãos se destacaram por suas qualidades heroicas que admiram o mundo até hoje.

Por exemplo, Irmã Dulce dos Pobres, a primeira santa brasileira, se dedicou aos pobres, construiu um hospital para os doentes e um lar para as crianças abandonadas; sua vida emociona e atrai colaboradores para sua obra de todas as partes do mundo.  

Santa Dulce só teve o seu nome escrito no cânon da Igreja depois de passar pelo processo de canonização, cujo primeiro passo é o reconhecimento de suas virtudes heroicas, ou seja, a Igreja Católica concede o título de venerável.

No entanto, esse reconhecimento tem como espelho a vida de Cristo, seu exemplo, seu amor e entrega a Deus. Assim, o que demonstra que o candidato é venerável é a prática das virtudes teologais de Fé, Esperança e Caridade, unidas às virtudes cardeais

Claro que a pessoa testemunha essas virtudes em vida, mas concede-se o título somente após a morte do venerável, quando começa o processo de sua canonização.

Veneráveis mercedários

Mas, onde podemos encontramos pessoas veneráveis?

Na Igreja e no mundo. Porque muitos são os testemunhos de leigos, sacerdotes, religiosas, jovens e até crianças que seguiram a Cristo e cultivaram a santidade por onde passaram e são reconhecidos pela Igreja.

E entre eles estão os veneráveis da Ordem Mercedária, uma família religiosa presente nos 4 continentes, 22 países,152 comunidades. A Ordem foi fundada em 1218 por São Pedro Nolasco com o objetivo de resgatar os cristãos capturados e obrigados a trabalhos forçados.

Os Mercedários, ao longo de oito séculos, continuam anunciando a liberdade aos filhos de Deus que sofrem no corpo e na alma diversas formas de escravidão. Como também presentearam a Igreja com santos, santas e histórias de santidade veneráveis.  

São muitos testemunhos de homens e mulheres, mas destacamos dois que são lembrados neste mês de outubro.

Um santo no Piauí: conheça Dom Inocêncio, bispo

João Nepomuceno Zegri e Moreno

João Nepomuceno Zegri e Moreno nasceu em Granada, Espanha, no dia 11 de outubro de 1831, no seio de uma família cristã. Seus pais o formaram como um verdadeiro cristão e deram-lhe uma rica educação que o capacitou para abraçar sua vocação logo cedo. 

Em 02 de junho de 1855, realizou seu sonho de ser sacerdote. E então o venerável começou sua carreira de santidade abraçando desafios e respondendo aos obstáculos com as virtudes da fé, esperança e caridade, principalmente junto aos mais pobres.

Como homem de Deus, foi um evangelizador incansável; gostava de rezar, meditar e escrever seus sermões. Ocupou cargos importantes, mas sempre viveu a maravilhosa humildade de Deus; preocupou-se com os problemas sociais e não cruzou os braços.

Mas sentiu-se chamado a fundar uma Congregação religiosa feminina para libertar os seres humanos de suas escravidões; e assim colocou a nova família religiosa sob a proteção e inspiração de Nossa Senhora das Mercês.

Após provar de muitas humilhações e perseguições pela própria congregação que fundou, morreu em 17 de março de 1905. Mas a Igreja o proclamou venerável em 21 de dezembro de 2001. 

Além de uma vida virtuosa, o venerável dedicou-se a escrever intensamente. Logo, deixou uma rica espiritualidade que alimenta as religiosas, os mercedários da caridade e tantas pessoas leigas que, impressionadas pela sua vida e caridade, querem seguir o mesmo caminho.

A virtuosa Isabel Lete Landa 

Ela se chamava Regina; nasceu em 7 de setembro de 1913, na Espanha. Em 1918, seu pai morreu, sua mãe foi internada em um hospital psiquiátrico e a menina foi confiada aos seus tios. E já adolescente cuidou dos doentes da guerra em seu país.

Mas sua vida de intimidade com Deus a conduziu às Irmãs da Misericórdia da Caridade (Mercedárias), em 1929, quando recebeu o nome de Isabel. Assim como Teresinha de Jesus, ela se ofereceu por amor e viveu uma espiritualidade simples, humilde e profunda.

Já na vida religiosa, foi enviada para trabalhar em um hospital para doentes de tuberculose e contraiu a doença, que a levou à morte em 13 de outubro de 1941, aos 28 anos. Mas a vida de quem ama a Deus não morre nunca, transforma-se em semente de vida.

As Irmãs Mercedárias testemunham o quanto a vida da venerável Isabel Lete Landa foi um exemplo que apaixonou a todos, porque ela entregou-se totalmente a Deus ao serviço do próximo sem se poupar; sua vida era toda amor.

E assim confirmou a Igreja quando a declarou venerável pelo Papa Bento XVI, em 2006. Logo, seu testemunho se tornou alimento espiritual para toda a Igreja, em qualquer lugar e tempo.

Agora, sigamos os passos dos virtuosos Isabel Lete Landa e João Nepomuceno Zegri e Moreno.

Conheça também a história do Sacerdote Mercedário que fundou o primeiro hospital psiquiátrico do mundo

Conheça as ações missionárias dos Mercedários

As ações missionárias dos Mercedários têm sua força nesta passagem bíblica:

“Disse-lhes outra vez: “A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós”.”(cf.Jo.20,21).

Mas o que significa missão para a Igreja e qual a sua importância para uma Ordem religiosa?

Antes de Jesus subir aos céus, Ele enviou os apóstolos para continuar a anunciar ao mundo o plano do Pai: a salvação do gênero humano.

Dessa forma, o envio do Mestre e a força do Espírito Santo em Pentecostes, os apóstolos seguiram com o anúncio do evangelho.

Porém, hoje, essa responsabilidade se estendeu à vida de cada batizado, pastoral, movimento e Ordem religiosa.

Portanto, à missão da Igreja se unem todos aqueles que desejam tornar Cristo amado e conhecido, e  as ações missionárias dos Mercedários são parte dessa contribuição!

Vamos, então, conhecê-las e bendizer a Deus por tantas vidas salvas através delas. Confira!


A seta para as ações missionárias dos Mercedários


O Espírito Santo de Deus sempre encontra uma forma de atualizar o evangelho no mundo, e para isso, ele sabe com quem pode contar! Dessa forma, ele encontrou no coração de Pedro Nolasco a disponibilidade para começar uma obra bem específica.

Vale a pena lembrar, que a primeira inspiração de Pedro Nolasco aconteceu através do contato dele com os aprisionados pelos mouros como escravos para trabalhar na África.

E, então, Nolasco começou a pagar pela libertação deles, mas a Providência Divina já lhe reservava algo muito maior.

Assim, nasceu, no século XVIII, a Ordem Mercedária, uma família religiosa que traz o carisma do seu fundador – São Pedro Nolasco – e a missão de anunciar a libertação a todos os cativos, seja do corpo ou da alma.

Dessa forma, a Ordem Mercedária, ao longo de oito séculos, vem contribuindo com a edificação do reino de Deus através de suas ações missionárias.

E a primeira delas é levar a experiência de Deus ao coração de cada pessoa humana.

O Redentor nas ações missionárias dos Mercedários


Mas por onde começa a missão? A partir da acolhida do anúncio do evangelho em primeira pessoa.

Ou seja, quando cada um acolhe a palavra, a oração, a presença de Cristo nos sacramentos e faz seu caminho de retorno ao Amor de Deus.

Portanto, a missão começa com a busca pela conversão pessoal. No entanto, quem sempre tem a primeira iniciativa é Deus, como nos diz São João:

“Deus nos amou primeiro” (cf. I jo.4,19).

E há o momento de esse encontro amoroso se transformar em vocação.

Dessa forma, a primeira ação missionária dos Mercedários é o anúncio de Cristo com a própria vida!

E você sabia que os Mercedários fazem um quarto voto de redenção? Para dizer que estão dispostos a dar a própria vida pela salvação do outro.

Para os Mercedários, o Redentor é o centro do movimento espiritual em suas vidas e Ele traz a mensagem do Pai que os move: o amor misericordioso e toda obra redentora em favor de cada ser humano. 

Logo, o carisma Mercedário de libertar os cativos se une à obra redentora do Salvador que deseja a liberdade de seus filhos e filhas, além de que a Virgem Maria tem uma grande participação nessa obra de evangelização.

A estrela das ações missionárias mercedárias

A Virgem Maria, a Senhora das Mercês,  é a estrela que nos guia ao encontro com o seu filho Jesus.

Não é à toa que ela recebeu o título de “Estrela da nova evangelização”, porque ela nos aponta sempre o Cristo, logo não existe anúncio do reino sem passar por Ela.

De fato, Deus quis assim quando fez nascer a Ordem Mercedária, porque a visão que São Nolasco teve com a Virgem Maria foi decisiva para ele levar adiante a nova fundação em favor dos cativos. Dessa forma foi colocada, sobre a proteção e os cuidados de Nossa Senhora, com título de Mercês, todas as obras mercedárias. 

Leia também: Por que o título à Nossa Senhora das Mercês?

As ações missionárias dos Mercedários têm uma Mãe misericordiosa e atenta às necessidades de seus filhos, prova disso são as ajudas recebidas, desde o início da Ordem, que eram dadas em honra a Nossa Senhora.

Agora, a experiência, o carisma, a espiritualidade e a missão foram ganhando forma ao longo dos anos e, hoje, as ações missionárias dos Mercedários é vista no rosto de cada pessoa alcançada e beneficiada por essa obra.

Vamos conhecer!

Ações missionárias dos Mercedários

A missão de um Mercedário é comunicar a libertação a toda pessoa humana e esse anúncio acontece de diversas formas, vamos elencar as principais.

As paróquias 

A paróquia é o lugar da comunidade, dos irmãos, dos filhos (as) de Deus. E para o Mercedário, ela é lugar do encontro, do serviço, da celebração dos sacramentos, da liturgia, e a oportunidade de refletir o compromisso redentor da Trindade com o povo de Deus; o lugar da missão por excelência.

Atualmente, eles estão presentes em 4 continentes, 22 países e 152 comunidades.

As escolas 

As Escolas Mercedárias são espaços de promoção de valores humanos e evangélicos, e um meio de formar cidadãos e cristãos livres dos cativeiros modernos.

Assim, a Ordem pensa e atua nesses ambientes promovendo uma educação libertadora que atinja todas as realidade sociais e econômicas, buscando uma resposta criativa e concreta para cada realidade.

Leia mais: A importância dos relacionamentos familiares para a educação católica

A pastoral penitenciária 

A pastoral penitenciária é uma ação que se aproxima muito do carisma de São Pedro Nolasco, porém dentro de uma outra realidade.

Por isso, os Mercedários atuam nas penitenciárias prestando um serviço integral: para quem está preso, sua família, para os trabalhadores dos presídios, como também favorece e acompanha a inserção dos libertos na sociedade.

As casas de acolhida 

As casas são locais de hospitalidade para pessoas com diferentes necessidades.

Portanto, a falta de casa, resgate da dignidade: imigrantes, viciados, moradores de rua, mulheres e/ou famílias vítimas de violência de género ou tráfico de seres humanos e outros flagelos que atacam a pós-modernidade.

Assim, elas encontram nas casas de acolhida um amparo e apoio necessários para enfrentar as fatalidades da vida.

Os projetos educativos e sociais 

Os projetos atuam em diversas áreas, desde creches até recuperação de dependentes químicos e têm por objetivo trabalhar a consciência do povo diante de seus direitos e das situações de exploração, seja cultural, social ou econômica.

Assim, as ações missionárias Mercedárias visam incentivar nas pessoas o protagonismo de projetos; o fortalecimento de sua autoestima e a recuperação de suas histórias de vida.

Conheça o Recanto Mercê

Os Migrantes e refugiados 

Em resposta ao evangelho que diz: “Eu era estrangeiro e você me acolheu” e ao convite misericordioso do Pai, os Mercedários atuam junto ao irmãos migrantes e refugiados através do acolhimento, promoção da justiça, garantindo proteção e inclusão em diversas situações de vulnerabilidade.

Com cuidado redentor, os Mercedários procuram, por meio da ação pastoral, também atender a saúde psicológica, social e espiritual das pessoas com o propósito de buscar a recuperação integral da dignidade humana.

Os Centros de espiritualidade 

As casas de espiritualidade Mercedária são presenças pastorais que tornam visíveis, de maneira especial e concreta, a missão redentora entre religiosos e leigos.

Logo, são coordenados e animados pelos religiosos Mercedários, com a ajuda de leigos que se identificam e pertencem à Ordem.

Estas áreas tornam presente o carisma redentor através de várias dimensões: culturais, espirituais,  sociais, educacionais e outros.

Por fim, se a vida e a missão falam de Cristo Redentor e de sua Mãe, a Senhora das Mercês, então estamos no caminho certo. Venha conhecer de perto o que relatamos neste post.

O centenário da chegada dos Mercedários ao Brasil

Como pode uma história durar tanto tempo? Imagine 100 anos na vida de uma pessoa!? Ou ainda mais, um centenário de uma Ordem religiosa! Quantas histórias elas guardam! É exatamente de tempo e história que vamos conversar:  conheça o centenário da chegada dos mercedários ao Brasil.

“Em 1922 o Papa Bento XV encomenda à Ordem a Prelazia de Bom Jesus do Gurgueia”, no Piauí. Em uma época difícil de evangelização, em terras distantes e desafiadoras, chegam os religiosos de São Pedro Nolasco

Mas quem é São Pedro Nolasco? E de que Ordem estamos tratando? Nolasco é o fundador da Ordem dos Mercedários, que em 2018 comemorou 800 anos de existência no mundo, e em 2022 celebra 100 anos de sua chegada ao Brasil.

Sendo assim, há muita história, dor, entrega, obras e vocações ao longo de um século. Portanto, para celebrarmos essa data, preparamos este post especial.

Motivo da chegada do mercedários ao Brasil

Em 1922, os Mercedários celebravam o capítulo geral em Roma. Então, o recém-eleito Mestre Geral, padre Inocêncio López Santamaría, em uma conversa com o Papa Bento XV, expôs seu desejo de enviar missionários mercedários para a China.

No entanto, o santo Padre tinha outras urgências que a Providência Divina já preparava para a Ordem Mercedária: a evangelização em uma nova Prelazia ao Sul do Piauí, nas terras brasileiras.

Assim, após consulta aos capitulares em Roma, foi então aceito o pedido do Papa e nomeado como Administrador Apostólico o padre Pedro Pascual Miguel Martinez, da Província de Castela, no México.

Com certeza, há muita história, dor, entrega, obras e vocações ao longo de um século. Mas como tudo começou aqui no Brasil? Quem são os protagonistas desta jornada que deixou tantos frutos para as vidas e para a Igreja?

Em vista do centenário da chegada dos Mercedários ao Brasil, celebrando essa data, preparamos este post especial. Confira até o fim.

Piauí: terra do centenário da chegada dos mercedários ao Brasil

À época de 1922, o Brasil sofria os efeitos da gripe espanhola, uma pandemia que causou cerca de 35 mil mortes, entre 1918 e 1919;  Também acontecia a semana de arte moderna em São Paulo, na tentativa de tirar a literatura das influências europeias.

Mas também, deram-se início às revoluções (Coluna Prestes, a criação do Partido Comunista) até o início da Era Vargas em 1930; sem falar na desigualdade, preconceitos e racismo que persistem até hoje. Tudo isso era o cenário do Brasil na década de vinte.

Ora, se nas grandes cidades se encontravam disputas políticas, dificuldade econômica e desigualdade social, imaginemos a situação das cidades e povoados mais distantes, de modo que era essa a realidade do Piauí e de muitas cidades do nordeste: carentes de tudo. 

Assim, os primeiros Mercedários encontraram aquela província: um sertão esquecido, sem energia elétrica, indústrias, escolas, cen­tros de saúde; muito menos estradas de rodagem para uma viagem menos perigosa.

Porém, não foi à toa que D. Fr. Pedro Pascual Miguel Martínez e o Pe. Francisco Freiria Mallo tiveram de viajar quatro meses em uma difícil caminhada, ficando em São Rai­mundo, a 517 km de Teresina, onde tomaram posse da prelazia, uma vez que era difícil o acesso a Bom Jesus do Gurguéia.

Um chão regado de suor e santidade

Com a chegada de outros missionários, formou-se a comunidade. Logo, deram início então a evangelização com muita dedicação, apesar de toda dificuldade de locomoção e as distâncias percorridas para visitar as famílias da região.

Sendo assim, passaram muitos missionários por esta vasta terra de missão e construíram a história do centenário dos Mercedários no Brasil. Um deles, padre Pedro Nolasco Rebiere, permaneceu apenas três meses, vindo a falecer vítima da febre que assolava o país. 

Contudo, outro notável frei mercedário foi Dom Inocêncio López Santamaria. Sua dedicação e obras em favor do povo de sua diocese foi intensa. Ele era conhecido como Santo Inocêncio, porque sua atividade apostólica não se resumia na evangelização, mas se estendeu em favor das necessidades básicas da população.

Dessa forma, Dom Inocêncio foi um protagonista importante na escrita da história do centenário da chegada dos mercedários ao Brasil. São atribuídas a ele a construção de mais de 28 escolas, somente na zona rural de São Raimundo; 700 km de estradas, poços, açudes e capelas.

Por isso, hoje, encontra-se, na Cúria Romana, o processo de canonização de Dom Inocêncio como fruto maduro da entrega total dos freis naquela região. Mas cada religioso mercedário que passou pelas terras piauienses deixou um legado de suor e santidade.

Celebração do centenário 

Uma grande comemoração pede uma celebração à altura. Com muitos motivos para agradecer a Deus, dia 06 de dezembro de 2021, houve a Missa de abertura das festividades do centenário da chegada dos mercedários ao Brasil.

Porém, as comemorações se estendem até o dia 14 de novembro, com a Missa de encerramento do ano jubilar. Há ainda, todo mês, lives que apresentam a vida de cada uma das nove comunidades existentes no Brasil.

Segundo o provincial dos Padres Mercedários no Brasil, padre frei John Londerry, em entrevista concedida à Rádio Vaticano, existem desafios a serem enfrentados no mundo moderno, mas há esperança e gratidão suficientes para seguirem adiante.

Também, como o Papa Francisco citou, em um encontro com os mercedários reunidos em Capítulo Geral, em maio deste ano, há muitas formas de escravidão na modernidade, bastante sutis, que necessitam do carisma mercedário como meio de libertação. 

Portanto, essa fala do Santo Padre atualiza o carisma inspirado por São Pedro Nolasco e coloca cada religioso de prontidão para corresponder a sua vocação com vigor e atenção às realidades atuais.

“Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5)

A Bem-Aventurada Virgem Maria, a Senhora das Mercês, esteve sempre presente no caminho dos religiosos mercedários. Com certeza, Ela tem grande influência no centenário da chegada dos mercedários no Brasil.

Desde o início da Ordem, muitas doações eram feitas “em honra de Nosso Senhor Jesus Cristo e da Bem-Aventurada Virgem Maria, sua mãe”. Hoje as ofertas das vidas continuam pelos mesmos nomes e pela causa da redenção dos(as) filhos(as) de Deus.

De modo que, são muitas paróquias, escolas, creches, obras sociais e atividades pastorais desenvolvidas pela Ordem no Brasil. O que começou em 1922, estende-se até hoje  e deseja ser e fazer o que Ele disser.

Leia também: Por que o título à Nossa Senhora das Mercês?

A Ordem dos Mercedários na Igreja

A história da Ordem dos Mercedários na Igreja começa com uma atitude de renúncia de um jovem que recebeu uma valorosa herança, cujo dinheiro usou unicamente em benefício do próximo. 

Estamos falando de São Pedro Nolasco. Vamos conhecer sua história e a fundação da Ordem dos Mercedário na Igreja, cujos membros são conhecidos como freis ou frades mercedários.

Uma história de guerra e escravidão

Para compreendermos melhor como foi que tudo começou, precisamos voltar no tempo e olharmos para a realidade vivida por São Pedro Nolasco.

O jovem Pedro viveu em um tempo em que a Europa medieval vivia em guerras constantes, devido à expansão da cultura muçulmana que pretendia dominar o mundo. 

Os cristãos precisavam lutar para defender sua fé, já que os árabes haviam tomado o Norte da África, grande parte da Espanha, o sul da França e a Sicília – região da Itália. 

Além disso, os árabes sarracenos roubavam dos cristãos os alimentos, os animais, os metais preciosos e o dinheiro. E o mais absurdo: capturavam e prendiam mulheres, crianças e homens. Estes eram vendidos como escravos por um bom preço ou então eram usados como moeda de troca em transações comerciais.

Ao longo de mais de 600 anos, conflitos armados fizeram numerosos prisioneiros cristãos.

Ao mesmo tempo, nestes tempos, surgiram muitos hospitais fundados por Ordens Monásticas, além de centenas de instituições de caridade, que foram estabelecidas por confrarias da Igreja ou por fiéis leigos. O objetivo era sempre ajudar os cristãos cativos a se libertarem dos mulçumanos.

Um desses leigos que fez a diferença nesta dura e infeliz realidade foi o jovem São Pedro Nolasco. 

Desde pequeno, São Pedro Nolasco foi caridoso

São Pedro Nolasco nasceu entre 1180 e 1882, em uma família de posses da França. Foi uma criança feliz, mas que amava o silêncio, o recolhimento e a oração. 

Outra característica marcante que surgiu na sua infância, e que o acompanhou por toda a vida, foi a prática constante da caridade. 

Dessa maneira, o pequeno Pedro Nolasco costumava ajudar com um prato de comida a todos que batiam à porta do castelo onde morava. E não foram poucas as vezes em que tirou o casaco do próprio corpo para entregar a uma criança que sofria com o frio por estar mal agasalhada, nas ruas. 

Antes de tudo, para ele, o mais importante era socorrer o próximo, sem se importar consigo mesmo. E quando ele não tinha com o que ajudar, chorava de tristeza.

Na juventude, São Pedro Nolasco mudou-se com a família para a Espanha. Logo começou a acompanhar o pai na tarefa de vender mercadorias pelas cidades litorâneas. Foi então que ele se deparou com uma triste realidade que não apenas causou-lhe espanto, mas que mudou para sempre a sua vida.

Inúmeras vezes ele pôde testemunhar os maus tratos dos cristãos cativos que eram escravizados, negociados como mercadoria, ou mantidos como reféns dos muçulmanos. Pedro Nolasco desejou ardentemente poder ajudar esses irmãos na fé. 

Uma herança de redenção

Porém, logo o jovem Nolasco perdeu seus pais e recebeu uma rica herança. Apesar da prática da caridade ser constante em sua vida, ele estava acostumado ao conforto do lar e a ter tudo o que sempre precisou. 

Mas isso não o impediu de tomar uma atitude radical. Aqueles que o conheciam, certamente não se surpreenderam, porém para o mundo o que ele fez facilmente pode ser considerado como loucura. 

Afinal, qual foi a atitude desse jovem? Pedro Nolasco, em 1203, com apenas 20 anos, começou a usar o dinheiro da sua herança para a redenção dos cativos. E para isso usou até as suas últimas moedas para comprar a libertação dos cristãos. Ele cuidava também para que esses cristãos não perdessem a fé. 

Por meio da caridade que realizou, Pedro Nolasco queria configurar-se ao próprio Cristo. Visitou os cativos como Jesus visita, quis libertá-los como Jesus liberta.

Contudo, mesmo depois de 15 anos se dedicando a esse trabalho, Nolasco notou que o número de cristãos que eram feitos escravos só aumentava, dia após dia. 

Mas, talvez o que ele não soubesse, é que foram esses 15 anos que permitiram a São Pedro Nolasco ser preparado por Deus para algo grandioso: fundar e cuidar de uma frondosa obra na Igreja, a Ordem dos Mercedários.

Ordem dos Mercedários na Igreja: o chamado

A história relata que na noite do dia primeiro de agosto de 1218, São Pedro Nolasco estava muito inquieto em seu coração. Angustiado com a situação dos cristãos cativos, ele sabia que deveria fazer algo a mais, por isso clamava por uma inspiração divina. 

Foi então que Nolasco foi consolado pela Virgem Maria, que naquele momento foi também para ele portadora de um convite do próprio Deus. “É vontade do meu Filho e minha que fundes uma família religiosa para a redenção dos cativos cristãos”.

Assim, o Senhor desejava que São Pedro Nolasco continuasse o seu trabalho em favor da libertação dos cristãos cativos, porém, agora, a partir de uma Ordem Religiosa que ele deveria fundar. 

Estamos falando da Ordem de Nossa Senhora das Mercês, também chamada de Ordem da Redenção dos Cativos ou ainda da Ordem dos Mercedários.

Para esta nova Ordem, São Pedro Nolasco teve o apoio do Rei Jaime de Aragão e do Bispo de Barcelona, Dom Berenguer Palau. Contudo, conta-se que também o Rei Jaime havia tido uma visão de Nossa Senhora na qual Ela lhe pedia a fundação de uma Ordem para cuidar dos cristãos detidos pelos muçulmanos. 

Além disso, São Raimundo de Penaforte, o confessor de Pedro Nolasco, também o encorajou e o ajudou nesse processo.

O próprio São Pedro Nolasco foi o primeiro a ser investido com o escapulário mercedário da Ordem, branco, em homenagem à pureza da Virgem Maria. Também Dom Berenguer presenteou a nova Ordem dos Mercedários com a cruz da catedral de Barcelona. Já o Rei Jaime deu a Nolasco o brasão de armas da Coroa de Aragão.

Foi então a partir desses dois presentes que o fundador desenvolveu o escudo mercedário. 

Confirmação Pontifícia da Ordem 

A Ordem dos Mercedários surgiu na Igreja em 10 de agosto de 1218. Ela é fruto do amor heroico que o jovem Nolasco tinha pelos cristãos cativos que sofriam porque escolhiam não renunciar à própria fé. 

Neste primeiro momento, a Ordem era uma comunidade restrita à Igreja de Barcelona, e ficava aos cuidados do bispo de Barcelona. 

Contudo, em 1235, deu um grande passo recebendo a Confirmação Pontifícia da Igreja, o que a tornou unida diretamente com o bispo de Roma, ou seja, com o Papa na época Gregório IX.

Por meio da Confirmação Pontifícia, o Sumo Pontífice confirma aquilo que já existe na vida da Igreja. 

Neste tempo, a Ordem dos Mercedários já havia crescido, possuindo 4 conventos e o Mestre Geral era o seu fundador, Pedro Nolasco.

O Carisma da Ordem dos Mercedários 

O carisma é a identidade de uma Ordem religiosa e deve ser vivido por todos os seus membros. 

As constituições da Ordem dos Mercedário determinam: “trabalhem – os frades – de bom coração e de boa vontade em visitar e libertar os cristãos que estão em cativeiro, e em poder dos sarracenos ou de outros inimigos de nossa fé”. Ou seja, este é o carisma dos Mercedários.

Portanto, ao fundar a nova Ordem dos Mercedários na Igreja, São Pedro Nolasco determinou que seus membros devem professar 4 votos.  Porém, três deles são os mesmos professados por todas as instituições religiosas: o voto da pobreza, da castidade e da obediência. Já o voto professado exclusivamente pelos que escolhem a Ordem dos Mercedários para viver sua vocação na igreja é este:

“Todos os irmãos da Ordem devem sempre de bom grado estarem dispostos a abrir mão de suas vidas, se necessário for, como Jesus Cristo deu a sua por nós…” 

Assim, deste quarto voto, a Ordem dos Mercedários conta, atualmente, com mais de 200 mártires reconhecidos pela Igreja.

800 anos da Ordem dos Mercedários na Igreja

Em 2018, a Ordem dos Mercedários completou 800 anos de existência. São 800 anos de uma linda história de redenção dos cativos cristãos.

Na ocasião do Ano Jubilar desse importante marco, a família mercedária foi recebida pelo Papa Francisco no Vaticano. Cerca de 125 religiosos e religiosas da Ordem, de mais de 30 países, tiveram a alegria de ouvir palavras de incentivo do Sumo Pontífice e receber a sua bênção. 

Além do encontrou, o Santo Padre enviou uma carta para os Mercedários, com uma mensagem para este momento memorável, dirigida ao Mestre-Geral da Ordem. Nela, o Papa Francisco expressou: 

“No rico patrimônio da família mercedária, iniciado com os fundadores e enriquecido pelos membros da comunidade que se sucederam com o decorrer dos séculos, convergem todas as graças espirituais e materiais que recebestes. Este depósito faz-se expressão de uma história de amor que se enraíza no passado, mas sobretudo se encarna no presente e se abre ao futuro, nos dons que o Espírito continua a derramar hoje sobre cada um de vós”.

Leia aqui, a íntegra da carta do Santo Padre o Papa Francisco ao Mercedário por ocasião dos 800 anos da Ordem.

O frei Reginaldo Roberto Luiz ressaltou que o encontro com o Papa foi uma ocasião de encorajamento aos Mercedários a continuarem seu trabalho apostólico de fronteira das periferias.

A Obra Redentora dos Mercedários 

Ao longo desses 800 anos, o carisma redentor de Nolasco se espalhou pelo mundo. Assim, expandiu-se como a Igreja que sai para as periferias onde a liberdade continua a ser ameaçada, encarnando-se nestas tristes realidades, para promover caminhos de libertação.

Isso é fruto do Espírito Santo que, por meio dos Mercedários, se dispõe ao serviço das vítimas das mais diversas formas de escravidão. Os religiosos Mercedários levam a esses a salvação redentora de Deus Trino, que liberta e salva a todos de qualquer cativeiro e daqueles que desejam os obrigar a negar a fé cristã.

Contudo, a Ordem dos Mercedários realiza concretamente na Igreja, em todo o mundo, trabalhos em 7 classes pastorais. São elas: nas Paróquias, por meio da Pastoral Penitenciária, nos abrigos, nas escolas e projetos sociais, na Pastoral dos Migrantes e Refugiados e em Casas de Espiritualidade. 

A Ordem dos Mercedários em terras brasileiras

Os primeiros religiosos Mercedários chegaram ao Brasil em 1639, em Belém do Pará e na Arquidiocese de São Paulo. 

Desde então, os religiosos realizam um papel extremamente importante na evangelização. 

O trabalho pastoral dos Mercedários é realizado em projetos educacionais e sociais com crianças e jovens em situação de exclusão social e vítimas do tráfico de drogas.

Igualmente são feitos atendimento a idosos e famílias carentes, além dos trabalhos com a Pastoral da Criança e da Sobriedade. 

Nos dias atuais, os Mercedários estão presentes no Distrito Federal, em Belém do Pará, em São Paulo, no Rio de Janeiro, na Bahia, no Piauí e em Minas Gerais. 

Dos Mercedários, o título de Nossa Senhora das Mercês

Foi da Ordem das Mercês, ou seja, dos Mercedários, que surgiu a invocação e o título “Virgem Maria das Mercês”. A palavra “mercê”, no século 13, era sinônimo de obra de misericórdia. 

Tendo a Virgem Maria uma especial participação na fundação da Ordem, desde quando a solicitou a São Pedro Nolasco, é natural que os Mercedários dedicassem à Ela uma festividade própria. 

Por isso, em 1600 os Mercedários receberam a permissão da Igreja para celebrar a festa da Natividade de Maria sob o título de Nossa Senhora das Mercês. 

Anos depois, em 1616, concedeu-se à Ordem a celebração litúrgica da festa de Nossa Senhora das Mercês com textos próprios. E em 1696, seu culto estendeu-se para toda a Igreja graças ao Papa Inocêncio XII. 

Por isso, o dia de Nossa Senhora das Mercês é 24 de setembro. Para os Mercedário, trata-se de uma importante solenidade precedida de vigílias, oitava privilegiada e ofício próprio. 

Nossa Senhora das Mercês é a principal padroeira de Barcelona, cidade onde São Pedro Nolasco fundou a Ordem dos Mercedários.

A Oração a São Pedro Nolasco

A Ordem Mercedária no Brasil

A história é uma sucessão de fatos que explica acontecimentos importantes para a humanidade. E a Ordem Mercedária merece destaque na história da Igreja a partir do século XIII. Mas quais os relatos da Ordem Mercedária no Brasil? 

Primeiramente vamos lembrar quem foi o jovem fundador dos Mercedários. Ele se chamava Pedro Nolasco, era filho de comerciantes e sua família possuía muitos bens. Na sua época, os cristãos católicos eram feitos escravos pelos mulçumanos para trabalhos forçados.

Ora, Nolasco começou a comprar esses cristãos com seus próprios recursos até que, por inspiração divina, fundou uma Ordem religiosa, em honra a Nossa Senhora das Mercês, em benefício dessas pessoas.

Dessa forma, nasce a Ordem Mercedária cujo carisma é a redenção dos cativos, hoje materializada de diversas formas, não apenas fisicamente, mas psicológica e espiritualmente.

Hoje essa Ordem Religiosa é dotada de muitos santos, entre eles o fundador, beatos e mártires, como também tem uma grande contribuição na história da Igreja e da humanidade. Vamos detalhar neste post a história deles no Brasil.

Capitania do Grão-Pará – entrada da Ordem Mercedária no Brasil

A entrada dos Mercedários no Brasil se deu em 1639, em Belém do Pará, através do convite do Capitão Pedro Teixeira, quando ele esteve em Quito – Equador, em busca de sacerdotes para dar assistência ao povo português que morava na região brasileira.

Ora, o capitão admirou-se com a devoção do povo aos Mercedários em Quito e então pediu ao Bispo local, Fr. Pedro de Oviedo, e ao Pe. Provincial dos Mercedários, Frei Francisco Muñoz Baena, se dignasse fundar um Convento em Belém do Grão Pará.

Dessa forma, em 12 de dezembro de 1639, chegaram a Belém quatro religiosos: sendo dois irmãos leigos e dois sacerdotes: o Pe. Alonso de Armijo e o Pe. Pedro de la Rúa Cirne. E ainda outros dois padres mercedários se juntaram a eles na missão. 

Piauí – segunda entrada da Ordem Mercedária no Brasil

A Ordem Mercedária sempre esteve bem atenta à vida missionária e por causa disso aceitou um pedido do Papa Bento XV para assumir a prelazia de Bom Jesus do Gurgueia – Piauí que foi negada por duas Ordens religiosas na época.

Portanto, em 28 de junho de 1922, chegaram os primeiros Mercedários em terras piauienses após uma longa e desafiante viagem até São Raimundo Nonato. Notáveis missionários Mercedários passaram pela missão do Piauí, inclusive D. Fr. Inocêncio López Santamaria que passou 26 anos como bispo na missão.

Assim, primeiro no Pará e depois no Piauí, a Ordem Mercedária no Brasil semeou o evangelho de Jesus Cristo e testemunhou o carisma mercedário, estendendo a obra para muitos outros estados brasileiros.

Contribuição dos Mercedários no Brasil

Como toda vida religiosa, a Ordem Mercedária deixou grande contribuição na construção do Brasil do século XVI. Conforme historiadores e fontes documentais, a Ordem dedicou-se especialmente ao ensino religioso e à alfabetização das pessoas, dos filhos dos colonos e entre elas, os índios.

Portanto, grande foi a influência deles desde o início. Relatos documentais dizem que o convento de Belém era um importante centro de ensino, com uma grande biblioteca, formada por diversos campos do conhecimento: História, Geografia, Ciências Naturais, Filosofia, Teologia, Direito Canônico, a literatura francesa, latina e lusitana.

Além do canto que encantava os colonos e indígenas, eram usados instrumentos como o órgão e o cravo. Assim eles serviam como meio para aproximação entre os nativos e contribuía para a evangelização de todos.

No entanto, nas terras piauienses não foi diferente. A presença de Dom Inocêncio Santamaria – Bispo Mercedário – trouxe grandes melhorias para a diocese de São Raimundo Nonato, local totalmente carente e desprovido de ajuda pública. 

Por isso, são atribuídas a ele a construção de mais de 28 escolas, somente na zona rural de São Raimundo; 700 km de estradas, poços, açudes e capelas; a fundação da Congregação das Irmãs Mercedárias Missionárias do Brasil e a formação de um clero natural da região.

Uma obra que comemorou 800 anos 

Missionários da primeira hora em vários países da América Latina assim como os franciscanos, dominicanos e jesuítas”, essas foram as palavras dirigidas à Ordem Mercedária pelo jornal do Vaticano, em virtude da comemoração dos seus 800 anos de fundação em 2019.

E qual a Obra mais importante da Ordem? É exatamente a vivência do carisma que permanece fiel aos ensinamentos de São Pedro Nolasco: a redenção dos cativos; hoje é um socorro para a vida humana que sofre diversas espécies de escravidão.

Como esclareceu bem o Cardeal Dom Odilo Scherer

“No mundo e no Brasil, há um comércio de pessoas acontecendo. São pessoas exploradas sexualmente, para o trabalho, para o uso de órgãos. Existem muitas realidades de trabalho que colocam as pessoas em situação de escravidão e exploração. Temos que trabalhar para que todos possam viver com dignidade. A dignidade humana não tem preço. Isso continua sendo tarefa permanente nossa”

Portanto, a ação missionária dos Mercedários é muito atual e relevante para a sociedade globalizada e carente de verdadeiras testemunhas do Cristo Vivo.

E o Papa Francisco atualizou bem a presença mercedária no mundo quando disse: 

“No rico patrimônio da família mercedária, iniciado com os fundadores e enriquecido pelos membros da comunidade que se seguiram ao longo dos séculos, reúnem-se todas as graças espirituais e materiais que vocês têm recebido. Este depósito torna-se a expressão de uma história de amor que está enraizada no passado, mas que, acima de tudo, está encarnada no presente e aberta para o futuro, nos dons que o Espírito continua a derramar hoje em cada um de vocês”

Presença Mercedária no Brasil hoje

Mais de três séculos de história no Brasil! Não é um trabalho que os mercedários prestam ao povo de Deus, mas a entrega das vidas na pessoa de cada missionário que já pisou nestas terras.

Hoje a presença da Ordem Mercedária no Brasil ocupa espaços significativos principalmente entre os mais marginalizados da sociedade brasileira. 

O Recanto Mercê, por exemplo, acolhe dependentes químicos que livremente desejam ser libertos de drogas, álcool e tantos outros tipos de vícios, com uma casa de recuperação em Anápolis-GO.

Há, ainda, as paróquias em Brasília, Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Piauí. Como também as escolas, creches e a participação nas pastorais, e uma delas bem expressiva que é pastoral carcerária com ativa presença dos Mercedários.

Portanto, a história da Ordem Mercedária no Brasil se confunde com a própria história do povo brasileiro! Demos graças a Deus por este carisma e suas vocações.

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