Encerrada a fase diocesana da Causa de Beatificação e Canonização do Servo de Deus, Dom Inocêncio López Santamaria

Com grande júbilo, religiosos da Ordem de Nossa Senhora das Mercês, religiosas da Congregação Mercedária Missionária do Brasil e de outros institutos, junto à Diocese de São Raimundo Nonato, celebraram a conclusão da fase diocesana da Causa de Beatificação e Canonização do Servo de Deus Dom Inocêncio López Santamaria. A celebração aconteceu na noite desta terça-feira (19 de dezembro), na catedral de São Raimundo Nonato e foi presidida pelo bispo diocesano, Dom Ronilton Souza de Araújo SCJ.

Antes da celebração eucarística, aconteceu a solenidade jurídico-canônica que marca a finalização da etapa diocesana. Participaram o provincial da Província Mercedária do Brasil, frei John Londerry O.deM.; o provincial da Ordem Mercedária do Chile, frei Mario Salas O.deM.; o juiz delegado episcopal, padre Alaércio Carvalho de Sousa; o promotor de justiça no inquérito diocesano, padre Edilson dos Santos Lopes; o postulador-geral da Ordem Mercedária, frei Reginaldo Roberto Luís e o notário, Ronaldo Frigini.

Estiveram presentes o bispo de Bom Jesus do Gurgueia, dom Marcos Tavoni e o bispo eleito de Parnaíba, dom Edivalter Andrade. Também marcaram presença padres diocesanos, religiosos e religiosas, seminaristas e todo o povo de Deus da Diocese de São Raimundo Nonato. Com a conclusão dos trabalhos na diocese, o processo é enviado ao Dicastério para as Causas dos Santos, na Cúria Romana, onde terá continuidade.

Dom Ronilton destacou as inúmeras virtudes de Dom Inocêncio, dentre elas o seu empenho em garantir a dignidade e a sobrevivência de homens e mulheres numa época marcada por forte desigualdade social e miséria. “Dom Inocêncio combateu a fome, enfrentou a seca e o analfabetismo e o seu ministério foi marcado por um profundo serviço social, cultural e humano. Deus o enviou ao Piauí para que sua vida, doada e partilhada, fosse como alimento para nutrir corações sedentos de esperança”, disse.

Para o padre Alaércio, que também desempenhou a função de juiz delegado no processo durante a sua fase diocesana, a conclusão desta etapa enche o coração de todos os são-raimundenses de alegria e de esperança. “Somos convidados a intensificar as nossas orações para que ele chegue à glória dos altares. Dom Inocêncio já é considerado santo por muitos, mas precisamos seguir esses protocolos e obter o reconhecimento oficial da Igreja”, completou.

Para o frei Reginaldo, Dom Inocêncio deixou um legado não somente de evangelização, mas de obras concretas, que ajudaram a amenizar o descaso e a falta de perspectiva presentes na vida de milhares de sertanejos: “Em meio a matas e caatingas, exposto ao cansaço e ao calor impiedoso do sertão do Piauí, com muita humildade e gentileza, buscou desenvolver um grande trabalho humanitário e social na região. A sua fama de santidade permanece mesmo passados 65 anos de sua morte”, falou.

A abertura do inquérito diocesano para a Causa de Beatificação e Canonização de Dom Inocêncio Lopez Santamaria aconteceu no dia 20 de dezembro de 2016. Já no dia 07 de fevereiro de 2017, ainda no governo de Dom Eduardo Zielski, aconteceu o reconhecimento canônico dos restos mortais do Servo de Deus, que foram retirados do sepulcro e colocados numa urna, depositada no sarcófago próximo ao presbitério.

Dom Inocêncio López Santamaria

Filho de família pobre, Inocêncio López Santamaria nasceu no dia 28 de dezembro de 1874, na aldeia de Sotovellanos, na província de Burgos, na Espanha. Aos 15 anos foi para o seminário da Ordem de Nossa Senhora das Mercês no convento de Poyo, na Galícia.

Foi ordenado padre aos 22 anos. Sua vocação e dedicação se destacaram na igreja que foi designado vigário provincial e superior do convento de Madri. Dom Inocêncio chegou ao alto escalão e foi nomeado mestre geral da Ordem de Nossa Senhora das Mercês. Por 11 anos, ele morou em Roma.

Com a dificuldade de encontrar sacerdote para ocupar o cargo criado em Bom Jesus do Gurgueia, no extremo Sul do Piauí, Inocêncio deixa Madri e com autorização do Papa Pio XI fez uma longa viagem até chegar a região considerada o polígono da seca. No País, ele foi o co-fundador da Congregação das Irmãs Mercedárias Missionárias do Brasil.

Uma característica marcante de Dom Inocêncio foi acreditar na superação da pobreza através da educação. Acometido com câncer no fígado, morreu em 9 de março de 1958, no Hospital Espanhol de Salvador, na Bahia. Era um bispo tão adorado que seu velório durou cinco dias passando por cidades da Bahia, Pernambuco até chegar em São Raimundo Nonato. Seu corpo foi sepultado no altar mor da catedral da cidade no dia 14 de março de 1958.

Dom Inocêncio construiu mais de 28 escolas somente na zona rural de São Raimundo. O bispo tinha uma preocupação muito grande com a educação. Ele trazia professores para dar aula de latim, francês, música para a população pobre e acreditava que a cultura era também uma forma de desenvolvimento. Entre os documentos descobertos pelo Tribunal Eclesiástico estão cartas do bispo encaminhadas às autoridades pedindo ajuda para alimentação das famílias, estradas e água.

Um dos testemunhos conta que Dom Inocêncio chegava a colocar dinheiro em um envelope e pedia alguém para pôr debaixo da porta da família que passava fome. Com sua persistência e ajuda financeira de campanhas, foram construídas mais de 700 km de estradas, escolas em áreas rurais, poços, açudes e capelas entre 1931 a 1958.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/encerrada-fase-diocesana-causa-beatificacao-servo-de-deus-dom-inocencio-lopez-santamaria/

O legado de Dom Inocêncio Santa Maria em S. Raimundo Nonato (PI)

Cidade do Vaticano (RV) – Depois da instalação do Tribunal eclesiástico em São Raimundo Nonato e o início da fase diocesana, atualmente o processo de beatificação do espanhol Dom Inocêncio López Santamaria, bispo que viveu no sertão do Piauí combatendo a fome, a seca e o analfabetismo, encontra-se no Vaticano.

O andamento do processo

Em fevereiro de 2017, uma delegação do Vaticano exumou o corpo do religioso da Ordem Mercedária do Brasil, morto em 1958, aos 83 anos, em Salvador. A exumação faz parte do processo de beatificação e canonização autorizado pelo Papa Francisco.

A trajetória do bispo

Nascido em 1874 na aldeia de Sotovellanos, na Espanha, Dom Inocêncio chegou ao Brasil em 1931 e foi bispo da Prelazia de Bom Jesus do Gurgueia, hoje Diocese de São Raimundo Nonato. 

Para o processo, têm sido ouvidas testemunhas e depoimentos de quem conviveu com o bispo, cerca de 60 pessoas, entre elas cinco padres que conheceram pessoalmente o religioso. Entre os documentos descobertos, estão cartas do bispo às autoridades pedindo ajuda para alimentação das famílias, estradas e água.

O legado no território

No Piauí, fundou a Congregação das Irmãs Mercedárias Missionárias do Brasil e  construiu 28 escolas somente na zona rural de São Raimundo. Com a ajuda de Dom Inocêncio foram construídas cerca de 700 km de estradas, poços, açudes e capelas entre 1931 a 1958.

O Frei Reginaldo Roberto Luiz, Conselheiro geral da Ordem, responsável pelas causas dos Santos junto ao Vaticano, esteve conosco e nos fala sobre o andamento da causa. Ouça:

Fonte: Rádio Vaticano

Bispo que viveu no sertão do Piauí pode virar 37º santo do Brasil

Dom Inocêncio López Santamaria, bispo que viveu no sertão do Piauí combatendo a fome, a seca e o analfabetismo, pode virar santo.

Uma equipe de Roma, contratada pela Ordem Mercedária do Brasil, exumou em fevereiro os restos mortais do religioso espanhol, que viveu por 27 anos no município de São Raimundo Nonato (a 517 km de Teresina). Santamaria morreu de câncer em 1958, aos 83 anos, em Salvador. Um dos milagres atribuído a ele seria um bebê que acordou do coma.

A exumação do corpo de dom Inocêncio faz parte do processo de beatificação e canonização autorizada pelo papa Francisco.

O bispo entra na lista de “servo de Deus” assim como Dom Helder Câmara, arcebispo de Recife (PE), Odete Vidal de Oliveira (Odetinha) e Zilda Arns. Todos vão passar por uma análise criteriosa da igreja Católica para serem beatos [se houver a confirmação de um milagre] e em seguida declarados santos [se comprovados dois milagres].

No Brasil, há seis religiosos canonizados. Outros 30 serão elevados a santos em outubro deste ano, conforme anunciou o Vaticano na última quinta (2). Se confirmado, dom Inocêncio será o 37º santo nacional.

Um Tribunal Eclesiástico foi instalado para investigar a vida de Dom Inocêncio que nasceu no dia 28 de dezembro de 1874, na aldeia de Sotovellanos, na província de Burgos, na Espanha.

Os restos mortais do bispo estavam enterrados dentro da catedral de São Raimundo Nonato, em frente ao altar. A cerimônia foi fechada e a catedral isolada.

Os especialistas em exumação do Vaticano encontraram intactos o anel do bispo, seu crucifico e o solidéu vermelho (boina em tecido).

Garrafa com água, uma surpresa

O Frei Rogério Soares, 37 anos, provincial da Ordem Mercedária do Brasil, que acompanha o processo de Dom Inocêncio, contou ao Cidadeverde.com que uma surpresa na exumação foi encontrar uma garrafa com água dentro da sepultura.

“Na ata constava que no sepulcro existia uma garrafa contendo papéis com breve relato de sua vida e quando abrimos a sepultura não encontramos nenhum texto, apenas uma garrafa com água. Isso foi uma grande surpresa”, conta o frei que acompanhou a exumação do corpo.

O próximo passo é levantar a história do bispo e coletar testemunhos de quem conviveu com dom Inocêncio. Cerca de 60 pessoas serão ouvidas, entre eles cinco padres vivos que conheceram o bispo. O processo, que será entregue ao Vaticano, deve durar mais de dois anos.

“A fama de santidade de dom Inocêncio permanece mesmo após 59 anos de sua morte. A sua principal característica é a humildade e a gentileza”, destacou Frei Rogério.

Construiu 28 escolas na zona rural

Dom Inocêncio chegou ao município piauiense em 1931 após andar por 12 dias a cavalo da Bahia ao interior do Piauí. Encontrou uma região em absoluto atraso. Sem energia elétrica, água potável, comunicação e nem estradas – que incluíve o impediu de tomar posse na cidade de Bom Jesus do Gurgueia. Por isso, ficou em São Raimundo Nonato. Frei Rogério Soares conta que Dom Inocêncio construiu mais de 28 escolas somente na zona rural de São Raimundo.

“O bispo tinha uma preocupação muito grande com a educação. Ele trazia professores para dar aula de latim, francês, música para a população pobre e acreditava que a cultura era também uma forma de desenvolvimento”.

Entre os documentos descobertos pelo Tribunal Eclesiástico estão cartas do bispo encaminhadas as autoridades pedindo ajuda para alimentação das famílias, estradas e água.

“Um dos testemunhos conta que Dom Inocêncio chegava a colocar dinheiro em um envelope e pedia alguém para pôr debaixo da porta da família que passava fome. Ele não entregava pessoalmente para evitar o constrangimento”, conta o Frei.

Com sua persistência e ajuda financeira de campanhas, foram construídas mais de 700 km de estradas, escolas em áreas rurais, poços, açudes e capelas entre 1931 a 1958.

Legado de santidade

O padre José Deusdará da Rocha, 75 anos, que foi aluno de Dom Inocêncio, conta que todos os consideravam santo mesmo em vida.

“O povo sempre teve uma devoção por ele e era visto antes de morrer como um santo. Quem conheceu Dom Inocêncio não conseguia se esquecer dele. Ele reunia duas qualidades raramente encontradas em uma só pessoa: a magnificência e a humildade”.

Segundo o padre Deusdará, o bispo era um intelectual e assumiu todos os costumes de São Raimundo Nonato. “Ele gostava muito de umbu e dizia que era a uva do Brasil. Era um homem de oração, não tinha palácio e morava com os outros padres e antecipou preocupação do Vaticano como o clero autóctone, formando vários padres na região”.

Quem também conviveu com Dom Inocêncio foi o padre José Herculano de Negreiros, 73 anos. Ele estuda o sacerdote há cerca de 50 anos e lançou o livro “Dom Inocêncio – o Piauí abriga um santo”.

“Ele era um santo em vida. Uma pessoa calma, meiga, sorridente e acolhedora. Recebia em sua residência desde bêbados a padres, visitava os doentes, os presos e era adorado pelas crianças. Foi um homem que se entregou por inteiro ao sacerdócio”, lembra o padre Herculano Negreiros, que também é da Ordem das Mercês.

No livro, o padre descreve Dom Inocêncio como um homem “determinado, obstinado e incansável”.

“Embrenhava em matas e caatingas expondo ao cansaço, a fome, a sede, e ao calor impiedoso…realizou um duro e austero trabalho humanitário, social e cultural na região”, descreve padre Herculano

Bebê acorda do coma

O bispo é venerado na região e seu túmulo recebe uma peregrinação de fiéis. Há pessoas que caminham descalços sobre o sepulcro em busca de cura para os pés e dores nas pernas.

O frei Rogério Soares informa que há relatos de milagres na região atribuída a intercessão de Dom Inocêncio. Dois casos são emblemáticos. Um aconteceu em outubro de 2016 quando um recém-nascido passou cinco dias em coma, sem temperatura corporal e sua tia, devota de Dom Inocêncio, fez orações pedindo intervenção do bispo e o bebê foi salvo.

Outra suposta graça envolve a recuperação de uma vítima de acidente de motocicleta ocorrido em 11 de março de 2008.

Trechos do livro de padre Herculano

Do alto clero em Madri a vida simples no Piauí

Filho de família pobre, Inocêncio López Santamaria nasceu no dia 28 de dezembro de 1874, na aldeia de Sotovellanos, na província de Burgos, na Espanha. Aos 15 anos foi para o seminário da Ordem de Nossa Senhora das Mercês no convento de Poyo, na Galícia.

Foi ordenado padre aos 22 anos. Sua vocação e dedicação se destacaram na igreja que foi designado vigário provincial e superior do convento de Madri. Dom Inocêncio chegou ao alto escalão e foi nomeado mestre geral da Ordem de Nossa Senhora das Mercês. Por 11 anos, ele morou em Roma.
Com a dificuldade de encontrar sacerdote para ocupar o cargo criado em Bom Jesus do Gurgueia, no extremo Sul do Piauí, Inocêncio deixa Madri e com autorização do Papa Pio XI fez uma longa viagem até chegar a região considerada o polígono da seca. No País, ele funda a Congregação das Irmãs Mercedárias Missionárias do Brasil.

Uma característica marcante de Dom Inocêncio foi acreditar na superação da pobreza através da educação. Acometido com câncer no fígado, morreu em 9 de março de 1958, no Hospital Espanhol de Salvador, na Bahia. Era um bispo tão adorado que seu velório durou cinco dias passando por cidades da Bahia, Pernambuco até chegar em São Raimundo Nonato. Seu corpo foi sepultado no altar mor da catedral da cidade no dia 14 de março de 1958.

Fonte: cidadeverde.com

Um santo no Piauí: conheça Dom Inocêncio, bispo

O Papa Francisco, no documento sobre santidade, diz :

“Cada cristão, quanto mais se santifica, tanto mais fecundo se torna para o mundo”. 

Essas palavras descrevem bem a vida de Dom Inocêncio.

A santidade é um dom derramado sobre nós através do batismo. Somos, então, o povo santo de Deus por causa de Sua graça presente em nossa vida, e como nos comunica o Papa Francisco “a santidade é possível e não é inatingível!”

Assim, como cristão comprometido com o Evangelho, como Pastor a serviço de seu povo, viveu Dom Inocêncio Santamaria – Bispo Mercedário – testemunha da santidade simples, no cotidiano da missão e no meio do povo piauiense.

É para falar desse servo de Deus que preparamos este post. Dom Inocêncio, em breve, será elevado aos altares da Igreja e, desde já, podemos conhecer seu exemplo e seguir os passos do Mestre e da santíssima Virgem Maria a quem ele tanto amou.

História de Dom Inocêncio

O Servo de Deus Dom Inocêncio López Santamaria nasceu na aldeia de Sotovellanos, na província de Burgos, comarca de Odra-Pisuerga, na Espanha, no dia 28 de dezembro de 1874. 

Os pais de Dom Inocêncio, Eduardo e Vitória, eram muito pobres, tiveram quatro filhos, três morreram ainda crianças, ficando apenas Inocêncio, que aos 15 anos ingressou na Ordem das Mercês no Convento de Conjo, em Santiago de Compostela.

Desde sua entrega a Deus, dedicou-se inteiramente ao serviço do Reino. Assumiu diversas funções e responsabilidades na Ordem, até ser sagrado bispo em Poio, Pontevedra, no dia 31 de agosto de 1930, festa do mártir mercedário, São Raimundo Nonato, de quem era muito devoto. 

Então, diante da necessidade de um bispo, em uma região muito carente do Brasil, Dom Inocêncio atendeu ao apelo do Papa Pio XI. 

Logo chegou ao Brasil no dia 5 de janeiro de 1931, tomou posse no dia 18 de fevereiro do mesmo mês, no município de São Raimundo Nonato/Piauí.

Contam que o bispo chegou ao município após andar 12 dias a cavalo, da Bahia ao interior do Piauí. Lá encontrou uma região em absoluto atraso, sem energia elétrica, água potável, comunicação e nem estradas. 

Mas nada o impediu de prosseguir com sua missão. Desde já, ele dava sinais de humildade, disposição e alegria, características comuns aos santos. Dom Inocêncio ficou conhecido no meio do povo de sua diocese como Santo Inocêncio.

Preocupação com os pobres de Deus

“O bispo tinha uma preocupação muito grande com a educação. Ele trazia professores para dar aula de latim, francês, música para a população pobre e acreditava que a cultura era também uma forma de desenvolvimento”, conta Frei Rogério Soares, padre Mercedário.

“…Dom Inocêncio chegava a colocar dinheiro em um envelope e pedia alguém para pôr debaixo da porta da família que passava fome. Ele não entregava pessoalmente para evitar o constrangimento”, atesta o Frei Rogério Soares, padre Mercedário.

A partir dos testemunhos e das obras se conhece a vida dos santos. Assim foi com Dom Inocêncio, em sua diocese. Ele era incansável e pregou o Evangelho, proporcionando a fé e a dignidade ao povo de Deus.

Ainda são atribuídas a ele a construção de mais de 28 escolas, somente na zona rural de São Raimundo; 700 km de estradas, poços, açudes e capelas; a fundação da Congregação das Irmãs Mercedárias Missionárias do Brasil e a formação de um clero natural da região.

Desta forma, fica claro o quanto Dom Inocêncio acreditava na transformação das piores situações sociais através da educação e de políticas públicas em favor do povo. Ele comprometeu-se com a salvação e foi até o fim.

Processo de canonização de Dom Inocêncio

“Embrenhava-se em matas e caatingas expondo-se ao cansaço, à fome, à sede, e ao calor impiedoso…realizou um duro e austero trabalho humanitário, social e cultural na região”, descreve Pe. Herculano – Ordem Mercedária.

Assim viveu Dom Inocêncio durante 26 anos como bispo, no estado do Piauí. Já com 80 anos, recebeu a ajuda de um bispo auxiliar e aos 84, sofrendo de um tumor no fígado, fez seu encontro definitivo com Deus, no dia 09 de março de 1958.

No entanto, sua fama de santidade era conhecida pelo povo. Seu funeral começou na Catedral de Juazeiro-BA, passou pela Catedral de Petrolina-PE, pela igreja de Remanso-BA, até chegar à Catedral de São Raimundo Nonato-PI, onde uma imensa multidão o aguardava.

Hoje seus restos mortais repousam no altar mor da catedral da cidade de São Raimundo Nonato. E em 2016, foi instalado o Tribunal Eclesiástico para a Causa de Beatificação e Canonização do religioso.

Dessa forma, a vida e a obra de Dom Inocêncio são estudadas pela Igreja através dos testemunhos colhidos, dos escritos deixados e dos milagres realizados.

Dom Inocêncio foi um verdadeiro modelo para os bispos. Um exemplo perfeito, pelas suas virtudes e pelo seu espírito de trabalho. Carregando o peso dos seus 83 anos, prosseguiu trabalhando como sempre”, escreveu o bispo auxiliar Dom José Vázquez.

Com tantos testemunhos e virtudes, resta-nos rezar: Dom Inocêncio, bispo Mercedário, rogai por nós.

Leia mais: Que tal conhecer a história de mais um santo mercedário

Mais de 500 cartas escritas por Dom Inocêncio serão lidas em processo de beatificação

Mais de 500 cartas escritas por Dom Inocêncio estão em processo de leitura, análise e transcrição pela Comissão Histórica em Prol da Causa de Beatificação de Dom Inocêncio, que fica em Brasília.  

Nessa fase técnica, cerca de 30% das cartas já estão catalogadas, afirma o Frei Rogério Soares, que iniciou a causa do processo de beatificação, quando era provincial da Ordem Mercedária do Brasil, no ano de 2015.  O processo de transcrição acontece porque as originais ficarão no Brasil e as cópias serão enviadas ao Vaticano. 

A coleta dos documentos ocorreu entre os anos de 2015 e 2019 na Espanha, em Roma e no Brasil, nas cidades em que Dom Inocêncio morou e trabalhou. No Piauí, a comissão recolheu material em São Raimundo Nonato e Bom Jesus de Gurgueia. 

O frei Rogério ressalta que essa fase técnica deve ser finalizada no segundo semestre de 2020. Encerrando essa fase, a transcrição será enviada a Roma. Ao chegar ao Vaticano, uma comissão começará a analisar o documento e confirmar os “milagres” referentes a Dom Inocêncio, muitos ocorridos no Piauí.  Não há prazo limite para essa etapa. “O processo somente será enviado após finalizar o processo diocesano no Brasil”, diz. 

“A fase de leitura e transcrição é muito delicada. São muitas cartas. Dom Inocêncio possui uma grande produção de documentos, o que facilita conhecer a sua história. As cartas são endereçadas ao papa, ao presidente da República, dentre outros, e pediam alimentos e estradas para o povo de São Raimundo Nonato. É como se toda a vida dele estivesse mapeada. Ele viveu e escreveu. Nós também tivemos muita sorte porque, além dele escrever muito, ele colocava no carbono e fazia copias (das cartas)”. 

Beatificado, Dom Inocêncio será considerado o primeiro santo que viveu no Piauí. Ele chegou ao Brasil para morar em São Raimundo Nonato, no Piauí, no dia 18 de janeiro de 1931, para ocupar o cargo de sacerdote em Bom Jesus de Gurgueia, na região Sul. Nascido na Espanha, ele faleceu no estado da Bahia no dia 09 de março de 1958 aos 83 anos. Seu corpo está do altar mor da catedral de São Raimundo Nonato. 

Cartas e liberação dos documentos 

Frei Rogério pede calma aos interessados em conhecer e trabalhar com a história de Dom Inocêncio. “Muitos historiadores buscam pelas cartas, pelos documentos, mas eles ainda não estão liberados. Assim que terminar essa fase técnica, que a transcrição for enviada a Roma, nós iremos liberar alguns documentos”, garante. 

Os documentos também confiram que Dom Inocêncio fundou a Congressão Feminina Irmãs Mercedárias Missionárias do Brasil. 

Padre e o milagre

Até o momento, pelo menos seis pessoas devem testemunhar em prol da beatificação por serem “provas do seu milagre”. Dentre eles, o padre Herculano Negreiros, de São Raimundo Nonato. Padre Herculano conviveu parte da infância e adolescência com Dom Inocêncio. “Cresci sob a tutela religiosa e espiritual dele”. 

Padre Herculano foi diagnosticado com a presença de células cancerígenas em Teresina, orou e pediu a cura a Dom Inocêncio. Após pedir interseção, o pároco foi a Brasília passar por novos exames e descobriu que não havia mais sinais de câncer no seu corpo. Herculano não chegou a passar por quimioterapia. Isso aconteceu em 2017.  Antes disso, ele passou por uma prostatectomia e descobriu a presença do possível câncer nos exames de rotina. 

“Para mim em muitos que moram em São Raimundo Nonato, Dom Inocêncio já é santo. Exame feito em Teresina deu grande presença de células cancerígenas. Então, fui para Brasília para fazer outros exames. No caminho até lá, invoquei por Dom Inocêncio. O resultado do novo exame deu negativo. Retornei a Teresina, meu médico pediu que refizesse o exame em três clinicas diferentes. Fiz. Em todas as clinicas em Teresina deu o mesmo resultado que o exame de Brasília. Deu praticamente zero a presença de PSA (Antígeno prostático específico) no meu organismo”, disse. 

Dos “seis milagres”, cinco foram com pessoas em São Raimundo Nonato e uma em Brasília. 

Fonte: cidadeverde.com

Comunidade participa do tríduo a Dom Inocêncio – Paróquia Nossa Senhora Da Luz

Em 2017, Dom Inocêncio Lopez Santamaria, teve o reconhecimento canônico do Servo de Deus, em uma missa de ação de graças na comunidade da diocese de São Raimundo Nonato, no Piauí. Cinco anos depois, em Salvador, a comunidade de Nossa Senhora da Luz realizou, entre os dias 06 e 08 o tríduo em homenagem ao Servo de Deus.

A paróquia tem uma comunidade dedicada a Dom Inocêncio que mantem viva a fé, perseverança e dedicação ao bispo que fez parte da Ordem Mercedária no Brasil.

“Foi muito bom e bonito poder celebrar Dom Inocêncio que expressa a unidade de nossa comunidade e, ao mesmo tempo, pedir as bênçãos de Deus pela intercessão de Dom Inocêncio que está em processo de beatificação”, disse o pároco frei Fernando Henrique Marques.

O tríduo foi celebrado no Centro de formação humana e espiritual que leva o nome de dom Inocêncio, no bairro da Pituba. “É importante reconhecer que Dom Inocêncio é uma pessoa que foi fiel ao evangelho e ao compromisso com o reino e Deus. Se dedicou aos pobres e, assim, à Igreja”, comenta Osmar Pereira que participou do tríduo.

Dom Inocêncio morreu em 1958, aos 83 anos, em Salvador. “É preciso que nós como cristãos admiremos Dom Inocêncio para que ele venha ser o Santo de Deus por seu testemunho aqui na terra”, diz Osmar Pereira

Uma característica marcante de Dom Inocêncio foi a preocupação pelo trabalho das religiosas como complemento na educação moral e cívica do povo. “Foi muito bom, durante os festejos do tríduo, escutar quem foi dom Inocêncio e a missão dele no meio de nós que foi de muito amor e confiança em Deus. Nos fortalecemos muito nesses dias”, conta a aposentada Maria das Graças Matacosta.

Para frei Fernando Henrique, a divulgação da vida de Dom Inocêncio em toda a comunidade ajuda no processo de beatificação. “Nós esperamos, sim, que em breve dom Inocêncio se torne Santo, claro, se for da vontade de Deus. E que Deus conceda a graça dos milagres por honra de Dom Inocêncio para aqueles que precisam”.

​Tríduo em homenagem a dom Inocêncio foi celebrado no Centro que leva o nome do servo de Deus.