O Papa Francisco, no documento sobre santidade, diz :
“Cada cristão, quanto mais se santifica, tanto mais fecundo se torna para o mundo”.
Essas palavras descrevem bem a vida de Dom Inocêncio.
A santidade é um dom derramado sobre nós através do batismo. Somos, então, o povo santo de Deus por causa de Sua graça presente em nossa vida, e como nos comunica o Papa Francisco “a santidade é possível e não é inatingível!”
Assim, como cristão comprometido com o Evangelho, como Pastor a serviço de seu povo, viveu Dom Inocêncio Santamaria – Bispo Mercedário – testemunha da santidade simples, no cotidiano da missão e no meio do povo piauiense.
É para falar desse servo de Deus que preparamos este post. Dom Inocêncio, em breve, será elevado aos altares da Igreja e, desde já, podemos conhecer seu exemplo e seguir os passos do Mestre e da santíssima Virgem Maria a quem ele tanto amou.
História de Dom Inocêncio
O Servo de Deus Dom Inocêncio López Santamaria nasceu na aldeia de Sotovellanos, na província de Burgos, comarca de Odra-Pisuerga, na Espanha, no dia 28 de dezembro de 1874.
Os pais de Dom Inocêncio, Eduardo e Vitória, eram muito pobres, tiveram quatro filhos, três morreram ainda crianças, ficando apenas Inocêncio, que aos 15 anos ingressou na Ordem das Mercês no Convento de Conjo, em Santiago de Compostela.
Desde sua entrega a Deus, dedicou-se inteiramente ao serviço do Reino. Assumiu diversas funções e responsabilidades na Ordem, até ser sagrado bispo em Poio, Pontevedra, no dia 31 de agosto de 1930, festa do mártir mercedário, São Raimundo Nonato, de quem era muito devoto.
Então, diante da necessidade de um bispo, em uma região muito carente do Brasil, Dom Inocêncio atendeu ao apelo do Papa Pio XI.
Logo chegou ao Brasil no dia 5 de janeiro de 1931, tomou posse no dia 18 de fevereiro do mesmo mês, no município de São Raimundo Nonato/Piauí.
Contam que o bispo chegou ao município após andar 12 dias a cavalo, da Bahia ao interior do Piauí. Lá encontrou uma região em absoluto atraso, sem energia elétrica, água potável, comunicação e nem estradas.
Mas nada o impediu de prosseguir com sua missão. Desde já, ele dava sinais de humildade, disposição e alegria, características comuns aos santos. Dom Inocêncio ficou conhecido no meio do povo de sua diocese como Santo Inocêncio.
Preocupação com os pobres de Deus
“O bispo tinha uma preocupação muito grande com a educação. Ele trazia professores para dar aula de latim, francês, música para a população pobre e acreditava que a cultura era também uma forma de desenvolvimento”, conta Frei Rogério Soares, padre Mercedário.
“…Dom Inocêncio chegava a colocar dinheiro em um envelope e pedia alguém para pôr debaixo da porta da família que passava fome. Ele não entregava pessoalmente para evitar o constrangimento”, atesta o Frei Rogério Soares, padre Mercedário.
A partir dos testemunhos e das obras se conhece a vida dos santos. Assim foi com Dom Inocêncio, em sua diocese. Ele era incansável e pregou o Evangelho, proporcionando a fé e a dignidade ao povo de Deus.
Ainda são atribuídas a ele a construção de mais de 28 escolas, somente na zona rural de São Raimundo; 700 km de estradas, poços, açudes e capelas; a fundação da Congregação das Irmãs Mercedárias Missionárias do Brasil e a formação de um clero natural da região.
Desta forma, fica claro o quanto Dom Inocêncio acreditava na transformação das piores situações sociais através da educação e de políticas públicas em favor do povo. Ele comprometeu-se com a salvação e foi até o fim.
Processo de canonização de Dom Inocêncio
“Embrenhava-se em matas e caatingas expondo-se ao cansaço, à fome, à sede, e ao calor impiedoso…realizou um duro e austero trabalho humanitário, social e cultural na região”, descreve Pe. Herculano – Ordem Mercedária.
Assim viveu Dom Inocêncio durante 26 anos como bispo, no estado do Piauí. Já com 80 anos, recebeu a ajuda de um bispo auxiliar e aos 84, sofrendo de um tumor no fígado, fez seu encontro definitivo com Deus, no dia 09 de março de 1958.
No entanto, sua fama de santidade era conhecida pelo povo. Seu funeral começou na Catedral de Juazeiro-BA, passou pela Catedral de Petrolina-PE, pela igreja de Remanso-BA, até chegar à Catedral de São Raimundo Nonato-PI, onde uma imensa multidão o aguardava.
Hoje seus restos mortais repousam no altar mor da catedral da cidade de São Raimundo Nonato. E em 2016, foi instalado o Tribunal Eclesiástico para a Causa de Beatificação e Canonização do religioso.
Dessa forma, a vida e a obra de Dom Inocêncio são estudadas pela Igreja através dos testemunhos colhidos, dos escritos deixados e dos milagres realizados.
“Dom Inocêncio foi um verdadeiro modelo para os bispos. Um exemplo perfeito, pelas suas virtudes e pelo seu espírito de trabalho. Carregando o peso dos seus 83 anos, prosseguiu trabalhando como sempre”, escreveu o bispo auxiliar Dom José Vázquez.
Com tantos testemunhos e virtudes, resta-nos rezar: Dom Inocêncio, bispo Mercedário, rogai por nós.
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