A história é uma sucessão de fatos que explica acontecimentos importantes para a humanidade. E a Ordem Mercedária merece destaque na história da Igreja a partir do século XIII. Mas quais os relatos da Ordem Mercedária no Brasil?
Primeiramente vamos lembrar quem foi o jovem fundador dos Mercedários. Ele se chamava Pedro Nolasco, era filho de comerciantes e sua família possuía muitos bens. Na sua época, os cristãos católicos eram feitos escravos pelos mulçumanos para trabalhos forçados.
Ora, Nolasco começou a comprar esses cristãos com seus próprios recursos até que, por inspiração divina, fundou uma Ordem religiosa, em honra a Nossa Senhora das Mercês, em benefício dessas pessoas.
Dessa forma, nasce a Ordem Mercedária cujo carisma é a redenção dos cativos, hoje materializada de diversas formas, não apenas fisicamente, mas psicológica e espiritualmente.
Hoje essa Ordem Religiosa é dotada de muitos santos, entre eles o fundador, beatos e mártires, como também tem uma grande contribuição na história da Igreja e da humanidade. Vamos detalhar neste post a história deles no Brasil.
Capitania do Grão-Pará – entrada da Ordem Mercedária no Brasil
A entrada dos Mercedários no Brasil se deu em 1639, em Belém do Pará, através do convite do Capitão Pedro Teixeira, quando ele esteve em Quito – Equador, em busca de sacerdotes para dar assistência ao povo português que morava na região brasileira.
Ora, o capitão admirou-se com a devoção do povo aos Mercedários em Quito e então pediu ao Bispo local, Fr. Pedro de Oviedo, e ao Pe. Provincial dos Mercedários, Frei Francisco Muñoz Baena, se dignasse fundar um Convento em Belém do Grão Pará.
Dessa forma, em 12 de dezembro de 1639, chegaram a Belém quatro religiosos: sendo dois irmãos leigos e dois sacerdotes: o Pe. Alonso de Armijo e o Pe. Pedro de la Rúa Cirne. E ainda outros dois padres mercedários se juntaram a eles na missão.
Piauí – segunda entrada da Ordem Mercedária no Brasil
A Ordem Mercedária sempre esteve bem atenta à vida missionária e por causa disso aceitou um pedido do Papa Bento XV para assumir a prelazia de Bom Jesus do Gurgueia – Piauí que foi negada por duas Ordens religiosas na época.
Portanto, em 28 de junho de 1922, chegaram os primeiros Mercedários em terras piauienses após uma longa e desafiante viagem até São Raimundo Nonato. Notáveis missionários Mercedários passaram pela missão do Piauí, inclusive D. Fr. Inocêncio López Santamaria que passou 26 anos como bispo na missão.
Assim, primeiro no Pará e depois no Piauí, a Ordem Mercedária no Brasil semeou o evangelho de Jesus Cristo e testemunhou o carisma mercedário, estendendo a obra para muitos outros estados brasileiros.
Contribuição dos Mercedários no Brasil
Como toda vida religiosa, a Ordem Mercedária deixou grande contribuição na construção do Brasil do século XVI. Conforme historiadores e fontes documentais, a Ordem dedicou-se especialmente ao ensino religioso e à alfabetização das pessoas, dos filhos dos colonos e entre elas, os índios.
Portanto, grande foi a influência deles desde o início. Relatos documentais dizem que o convento de Belém era um importante centro de ensino, com uma grande biblioteca, formada por diversos campos do conhecimento: História, Geografia, Ciências Naturais, Filosofia, Teologia, Direito Canônico, a literatura francesa, latina e lusitana.
Além do canto que encantava os colonos e indígenas, eram usados instrumentos como o órgão e o cravo. Assim eles serviam como meio para aproximação entre os nativos e contribuía para a evangelização de todos.
No entanto, nas terras piauienses não foi diferente. A presença de Dom Inocêncio Santamaria – Bispo Mercedário – trouxe grandes melhorias para a diocese de São Raimundo Nonato, local totalmente carente e desprovido de ajuda pública.
Por isso, são atribuídas a ele a construção de mais de 28 escolas, somente na zona rural de São Raimundo; 700 km de estradas, poços, açudes e capelas; a fundação da Congregação das Irmãs Mercedárias Missionárias do Brasil e a formação de um clero natural da região.
Uma obra que comemorou 800 anos
“Missionários da primeira hora em vários países da América Latina assim como os franciscanos, dominicanos e jesuítas”, essas foram as palavras dirigidas à Ordem Mercedária pelo jornal do Vaticano, em virtude da comemoração dos seus 800 anos de fundação em 2019.
E qual a Obra mais importante da Ordem? É exatamente a vivência do carisma que permanece fiel aos ensinamentos de São Pedro Nolasco: a redenção dos cativos; hoje é um socorro para a vida humana que sofre diversas espécies de escravidão.
Como esclareceu bem o Cardeal Dom Odilo Scherer:
“No mundo e no Brasil, há um comércio de pessoas acontecendo. São pessoas exploradas sexualmente, para o trabalho, para o uso de órgãos. Existem muitas realidades de trabalho que colocam as pessoas em situação de escravidão e exploração. Temos que trabalhar para que todos possam viver com dignidade. A dignidade humana não tem preço. Isso continua sendo tarefa permanente nossa”
Portanto, a ação missionária dos Mercedários é muito atual e relevante para a sociedade globalizada e carente de verdadeiras testemunhas do Cristo Vivo.
E o Papa Francisco atualizou bem a presença mercedária no mundo quando disse:
“No rico patrimônio da família mercedária, iniciado com os fundadores e enriquecido pelos membros da comunidade que se seguiram ao longo dos séculos, reúnem-se todas as graças espirituais e materiais que vocês têm recebido. Este depósito torna-se a expressão de uma história de amor que está enraizada no passado, mas que, acima de tudo, está encarnada no presente e aberta para o futuro, nos dons que o Espírito continua a derramar hoje em cada um de vocês”
Presença Mercedária no Brasil hoje
Mais de três séculos de história no Brasil! Não é um trabalho que os mercedários prestam ao povo de Deus, mas a entrega das vidas na pessoa de cada missionário que já pisou nestas terras.
Hoje a presença da Ordem Mercedária no Brasil ocupa espaços significativos principalmente entre os mais marginalizados da sociedade brasileira.
O Recanto Mercê, por exemplo, acolhe dependentes químicos que livremente desejam ser libertos de drogas, álcool e tantos outros tipos de vícios, com uma casa de recuperação em Anápolis-GO.
Há, ainda, as paróquias em Brasília, Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Piauí. Como também as escolas, creches e a participação nas pastorais, e uma delas bem expressiva que é pastoral carcerária com ativa presença dos Mercedários.
Portanto, a história da Ordem Mercedária no Brasil se confunde com a própria história do povo brasileiro! Demos graças a Deus por este carisma e suas vocações.
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